Cerca de 20 produtores associados da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT) percorreram cerca de 3 mil quilômetros para verificar as condições de trafegabilidade da BR-163, responsável por transportar mais de 17 milhões de toneladas de soja de MT para as Estações de Transbordo de Miritituba e Porto de Santarém, no Pará.
O trajeto foi percorrido durante o Estradeiro, projeto realizado pela Comissão de Logística da Aprosoja-MT, entre os dias 15 e 19 de abril, saindo de Sinop, no Norte de Mato Grosso. Para o coordenador-técnico da comissão, Orlando Vila, o custo do frete é consequência direta das condições da rodovia federal e, por consequência, prejudica a renda dos produtores.
“O custo do frete é um gargalo para o setor e é importante que o produtor conheça a sua composição para entender e tomar a melhor decisão da porteira pra fora, no momento de comercializar sua produção”, aponta Vila, que ressalta o volume significativo transportado por essa via, que corresponde a cerca de 37% da soja produzida em MT.
A assessora-técnica de Logística e Infraestrutura da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA), Elisângela Lopes, que também percorreu o Estradeiro, ressalta que foram cerca de 600 km percorridos por dia. Ela pontua que o crescimento da produção, atendida pela BR-163, foi muito superior aos investimentos para melhorar o escoamento da safra.
Elisângela ressalta também a evolução proporcionada pela lei 12.185 de 2013, que permitiu a instalação de Terminais de Uso Privado (TUPs) e as Estações de Transbordo de Cargas (ETCs), responsáveis pelo transbordo do modo rodoviário para o hidroviário e a ampliação da movimentação de grãos nos sistemas portuários de Belém/Barcarena/Guajará.
“Esse corredor tem predominância do modo rodoviário e incorre em custos logísticos superiores aos que se alcançaria se houvesse maior interação entre os modos de transportes. O trecho utilizado nos rios Tapajós e Amazonas permite que o custo de transporte reduza nesse corredor e torne-se uma opção viável para o envio de grãos o sistema portuário do Arco Norte”, destaca.
Segundo Elisângela, a soja produzida no município com maior produção de soja de MT, Sorriso, que produz cerca de 2,2 milhões de toneladas da oleaginosa, exportada pela BR-163, passando pelas Estações de Transbordo de Miritituba e, depois, pelo Porto de Santarém, teve um custo logístico de US$ 16 a menos por tonelada que pelo Porto de Santos (SP), em março deste ano.
Já a produtora rural e delegada do núcleo de Nova Xavantina, Jesika Müller da Silva, disse que saiu do seu município, que fica no eixo da BR-158, para ter mais conhecimento sobre as rotas de escoamento da produção de soja e milho de MT. O aprendizado, explica a produtora, será incorporado nas estratégias para reduzir o custo logístico da produção.
“O Estradeiro me abriu um leque de possibilidades que anteriormente eu não possuía, saber que o produtor não precisa estar restrito as empresas que possuem sede em nossa região é muito válida. Assim, o produtor pode, até mesmo, conseguir um melhor preço pelo seu produto e diminuir o custo com transporte e armazenamento de grãos em armazéns gerais”, afirma.
Para o diretor-executivo do Movimento Pró-Logística, Edeon Vaz Ferreira, é preciso mais melhorias na logística de grãos, como a construção da Ferrogrão, que deve interligar por trilhos as regiões de Sinop e Miritituba (PA). Isso porque custo ferroviário custa 70% do modal rodoviário. Já o transporte aquaviário custa cerca de 40% em relação ao rodoviário.
“Isso é importante porque reduz o nosso custo logístico e aumenta a nossa competitividade. Enquanto um caminhão carrega, em média, 40 toneladas, um comboio de barcaças pode transportar até 70 mil toneladas. Isso faz com que o produto de Mato Grosso seja mais competitivo, melhorando a rentabilidade do produtor”, enfatiza Edeon.
Além dos produtores e do consultor de Logística da Aprosoja-MT, também participaram do Estradeiro da BR-163, o representante da Concessionária Via Brasil, Ricardo Durço, e a assessora-técnica de Logística e Infraestrutura da Confederação Nacional da Agricultura, Elisângela Lopes, além dos representantes das empresas visitadas em Miritituba e Santarém.