Há 10 anos, dois alunos da UFOP morreram no mesmo ano após excesso de bebidas alcoólicas

Fonte: R7

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REPRODUÇÃO / RECORD TV MINAS

Na semana em que um trote que terminou com estudante em coma em Ouro Preto, a 96 km de Belo Horizonte, ganhou repercussão nacional, outro caso envolvendo um estudante da UFOP (Universidade Federal de Ouro Preto) completa 10 anos. Em outubro de 2012, Daniel Macário de Melo Júnior, na época com 27 anos, morreu de mal súbito após uso exagerado de bebidas alcóolicas.

Natural de Guaranésia, a 458 km de Belo Horizonte, Daniel foi para a cidade histórica realizar o sonho de cursar artes cênicas. Paulo Inácio, amigo de infância, lembra que o fim do semestre atrasou para outubro devido a uma greve. No último mês, o jovem morreu.

“Na noite que ele deixaria de ser “bixo”- apelido dado aos calouros – houve a morte dele. Sempre que vinha a Guaranésia, Daniel me contava que os trotes eram pagos com o consumo de bebida alcoólica. Por exemplo, se o “bixo” tinha obrigação de lavar a louça e esquecia um talher que fosse, tinha que beber um copo de cachaça”, contou.

Segundo o boletim de ocorrência registrado na época pela Polícia Militar, o corpo de Daniel foi encontrado já sem vida no dia 27 de outubro de 2012. Segundo testemunhas, na noite anterior, o universitário tinha consumido bebida alcoólica em uma comemoração na república onde morava, conhecida como “Nóis é Nóis”. Ao acordarem, os colegas encontraram o jovem já sem vida, sem sinais de violência.

A Polícia Civil concluiu, em fevereiro de 2013, o inquérito que investigou o caso. A apuração não indiciou ninguém, já que não encontrou indícios da participação de outras pessoas na morte. Segundo o órgão, “foi verificado alto teor alcoólico no sangue, o que provavelmente provocou mal súbito após uso exagerado de bebidas alcoólicas”.

Dez anos depois, Eduardo de Melo, irmão de Daniel, ainda questiona o resultado da investigação. “Se me perguntarem se eu sei exatamente o motivo da morte do Daniel, eu não vou saber. Mas tem um laudo que consta que ele foi morto, pra mim assassinado, com mais 70% álcool no corpo”, relatou.

Duas mortes em 2012

No mesmo ano, cerca de um mês antes da morte de Daniel, Ouro Preto registrou outro óbito de universitário. No dia 30 de novembro de 2012, Pedro Silva Vieira foi encontrado deitado e inconsciente na República Saudade da Mamãe.

Ele chegou a ser levado para a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) de Ouro Preto, mas não resistiu e morreu na unidade. Segundo informações da testemunha que consta no registro da PM, o estudante havia ingerido bebida alcoólica e vomitado durante a noite.

Sobre esse caso, a Polícia Civil informou que o inquérito foi concluído cinco anos depois, em setembro de 2017, também sem indiciamento. A investigação levantou que houve uso exagerado de álcool e de maconha.

A causa da morte, de acordo com o órgão, foi “depressão respiratória do sistema nervoso central com vômito e arritmia cardíaca” por causa da intoxicação das drogas. Nem o registro da PM, nem o da Polícia Civil, detalham o local em que o estudante consumiu a bebida. A reportagem entrou em contato com o poder Judiciário para ter acesso ao histórico do processo e não teve retorno.

Ações da UFOP

Com as duas mortes, a Universidade Federal de Ouro Preto fez uma série de ações educativas para combater o consumo excessivo de bebida alcoólica nas festas de alunos. Na época, a jornalista Ana Amélia Maciel era estagiária da faculdade e participou da campanha.

“Eu trabalhei na assessoria da UFOP na comunicação institucional durante 2 anos como estagiária e eu fui contratada justamente porque eles lançaram uma campanha pouco tempo depois dessas mortes. Era para alertar sobre o seu consumo de vários tipos de droga. Fizeram várias palestras e campanhas de conscientização. Tomou todas as medidas necessárias na época de apoio às famílias”, relatou.

Ana também passou por situações constrangedoras dentro de uma república particular em que morava em Mariana, cidade que abriga o campus do seu curso na UFOP. Na época, era obrigada pelas veteranas a fazer trabalhos domésticos e a ir em festas. “É uma questão cultural, mas que precisa ser mudada. Talvez seja algo nacional que não se resuma às repúblicas federais e particulares de Ouro Preto”, finalizou.

Jornalista apaixonada por astrologia, bem-estar animal e gastronomia. Atualmente, atuo como redatora no portal CenárioMT, onde me dedico a informar sobre os principais acontecimentos de Mato Grosso. Tenho experiência em rádio e sou entusiasta por tudo que envolve comunicação e cultura.