Possível paralisação de caminhoneiros nesta quinta-feira gera alerta e divide a categoria no país

Convocação feita por lideranças independentes aponta para nova greve nacional a partir de 4 de dezembro, mas movimento nasce fragmentado e sem apoio de entidades representativas, ampliando a incerteza sobre adesão.

Fonte: CenarioMT

Convocação feita por lideranças independentes aponta para nova greve nacional a partir de 4 de dezembro, mas movimento nasce fragmentado e sem apoio de entidades representativas, ampliando a incerteza sobre adesão.
Foto: divulgação. Apesar das demandas amplas, o movimento nasce dividido.

A possível paralisação nacional dos caminhoneiros, anunciada para esta quinta-feira, 4 de dezembro, mobiliza atenção em todo o país, especialmente entre setores que dependem diretamente do transporte rodoviário, como o agronegócio. O cenário ainda é incerto, já que a convocação não conta com apoio unânime e enfrenta forte divisão interna.

O movimento ganhou força nas redes sociais após a divulgação de um vídeo feito por Francisco Dalmora Burgardt, conhecido como Chicão Caminhoneiro, que se apresenta como uma das lideranças da categoria.

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Ele afirma que protocolou, em Brasília, uma lista de reivindicações direcionada ao governo federal, destacando que o ato pretende seguir a legalidade e que eventuais bloqueios devem respeitar o direito de ir e vir da população.

Entre os pedidos apresentados estão a criação de um piso mínimo de frete, o congelamento das dívidas dos caminhoneiros por 12 meses com possibilidade de refinanciamento, aposentadoria especial após 25 anos de atividade, linhas de crédito de até R$ 200 mil, isenção de IPI para renovação de frota e até a criação de uma vara judicial especializada em transporte rodoviário.

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Apesar das demandas amplas, o movimento nasce dividido. Parte da categoria rejeita a paralisação por enxergar vínculos político-partidários em alguns dos articuladores. O desembargador aposentado Sebastião Coelho, por exemplo, defendeu publicamente que a greve inclua pedidos de anistia ao ex-presidente Jair Bolsonaro e aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro.

Lideranças tradicionais, como Wallace Landim, o “Chorão” — um dos nomes mais conhecidos da greve de 2018 —, criticam a politização e se recusam a aderir ao movimento.

A Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA), que reúne nove federações e mais de 100 sindicatos, afirmou não ter recebido comunicação oficial sobre a paralisação. Segundo a entidade, não há indicativo de mobilização entre suas bases, o que amplia as dúvidas sobre o real alcance da convocação.

Ainda assim, outros representantes da categoria afirmam que as reivindicações não têm caráter partidário e refletem condições precárias enfrentadas pelos caminhoneiros.

Daniel Souza, que teve destaque na greve de 2018, afirma que a insatisfação da classe permanece elevada devido à baixa remuneração, dificuldades para cumprir legislações por falta de estrutura e falta de segurança nas rodovias.

A lembrança da greve de 2018, que durou dez dias e paralisou o país, ainda preocupa o mercado. Na época, houve desabastecimento generalizado e alta expressiva nos preços dos combustíveis, com registros de gasolina chegando a R$ 10,56 o litro em algumas regiões.

Hoje, com o litro já próximo de R$ 6,16 em média, especialistas temem que uma nova paralisação prolongada possa pressionar novamente os preços nas bombas.

Com falta de consenso entre entidades e lideranças, o país está com grande expectativa — mas sem garantia de que a paralisação irá, de fato, ganhar corpo.

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Repórter e editor do CenárioMT, atua na cobertura da região norte de Mato Grosso e trabalha com jornalismo online desde 2008. DRT: 0001686-MT. Sugestão de pauta? Manda no [email protected] .