A gestão sustentável das florestas nativas em Mato Grosso reuniu representantes de instituições ambientais, empresariais e governamentais de âmbito estadual, nacional e internacional. O tradicional evento de campo “Dia na Floresta” foi realizado em Alta Floresta, município localizado na Amazônia mato-grossense, a 803 quilômetros de Cuiabá.
Com o propósito de desmistificar o manejo florestal em propriedades privadas, a programação se estendeu por cinco dias, entre 17 a 21 de junho, e foram promovidas palestras, rodadas de negócios e visitas técnicas às áreas de manejo florestal e às indústrias.
A abertura oficial da 5ª edição do Dia na Floresta, organizada pelo Centro das Indústrias Produtoras e Exportadoras de Madeira do Estado de Mato Grosso (Cipem) em parceria com o Fórum Nacional das Atividades de Base Florestal (FNBF) e com apoio das secretarias estaduais de Desenvolvimento Econômico (Sedec MT), Meio Ambiente (Sema MT), Sistema Federação das Indústrias de Mato Grosso (Sistema Fiemt), contou com a participação do vice-governador Otaviano Pivetta e foi realizada na sede do Sindicato dos Madeireiros do Extremo Norte do Estado (Simenorte), na quinta-feira (20).
O vice-governador de Mato Grosso reforçou a importância da atividade do manejo florestal sustentável para alcançar a meta do Estado de zerar emissões de carbono até 2035. “O setor madeireiro é um segmento cada vez mais importante. Afinal, a conservação da floresta (por meio do manejo florestal) é sequestro de carbono, sustentabilidade e melhoria de vida para todo mundo”, afirmou.
Para o presidente do Cipem, Ednei Blasius, o apoio de diferentes entidades do setor público e privado foi fundamental, agregando participantes de vários estados brasileiros que puderam conhecer na prática o sistema de manejo florestal, a rastreabilidade e a sustentabilidade na produção de madeira em Mato Grosso. Os participantes também puderam constatar como a indústria de base florestal contribui para o desenvolvimento socioeconômico. “Esse evento foi um marco para o setor de base florestal e gostaria de agradecer aos nossos parceiros: Fiemt, Sedec, Sema e governo de Mato Grosso”, destacou.
Atualmente as áreas abarcadas por Planos de Manejo Florestal Sustentável (PMFS) ocupam 5 milhões de hectares no território mato-grossense e há potencial para avançar.
“O setor de base florestal é o terceiro maior segmento industrial do estado, com cerca de 700 empresas e mais de 12 mil funcionários. Com sustentabilidade, o setor tem condições de ampliar para 6 milhões de hectares de área manejada, contribuindo ainda mais na mitigação de emissões de gases poluentes, e na geração de mais emprego e renda”, afirma Silvio Rangel, presidente do Sistema Fiemt.
Manter a floresta em pé
Durante a 5ª edição do Dia na Floresta, os participantes vivenciaram na prática como funciona o sistema produtivo das indústrias de base florestal. Os participantes estiveram em uma Unidade de Produção Anual (UPA) para conhecer o Plano de Manejo Florestal Sustentável (PMFS). Na visita, foram demonstrados os processos de colheita e transporte de árvores, que são autorizadas e previamente selecionadas em consonância com a legislação ambiental.
Após a visita na floresta, o grupo esteve na indústria Brasil Tropical Pisos para comprovação da origem legal da madeira, verificação do processo de beneficiamento da tora e conversão em seus subprodutos, como deck, forro e piso, matérias que abastecem os mercados nacional e internacional.
O Dia na Floresta é uma grande oportunidade para desmistificar a produção madeireira a partir dos planos de manejo florestal sustentável. “É muito importante para perceber a realidade e o dia a dia de quem produz com sustentabilidade, apesar de ainda persistir uma visão deturpada desse. Por isso, ações como essas são muito bem-vindas e deveriam ser multiplicadas para toda Amazônia em prol do manejo florestal e do uso sustentável dos recursos florestais brasileiros”, defende o coordenador geral de Fomento Florestal do Serviço Florestal Brasileiro (SFB), o engenheiro florestal Fernando Castanheira.
Para o gerente de Recursos Naturais da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Mario Cardoso, é necessário atuação integrada para proteger e conservar a vegetação nativa. “É importante que a gente veja como acontece na prática toda regulamentação. Muitas vezes se constrói regulações e legislações em escritórios lá em Brasília que interferem negativamente no manejo florestal”, afirmou e é preciso avaliar o manejo florestal como uma estratégia de manutenção da floresta em pé”, defendeu, acrescentando que são possíveis combinações de soluções para proteger o meio ambiente e promover o desenvolvimento econômico sustentável.
“Vejo com otimismo o manejo florestal sustentável como um caminho para preservação da Amazônia”, complementou a conselheira do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama) e representante da Confederação Nacional do Transporte (CNT), Patricia Boson, destacando a relevância da rastreabilidade da madeira nativa.
O vice-presidente da Fiemt e presidente do FNBF, Frank Rogieri, destacou que o pioneirismo de Mato Grosso na gestão ambiental brasileira é referência e grande aliado no desenvolvimento do setor. “A Sema MT foi a primeira secretaria que descentralizou a gestão ambiental no Brasil e adotou a rastreabilidade em 100% da sua produção madeireira: o governo do estado é a mão amiga, é a mão forte do nosso negócio”, finalizou.
Também participaram das atividades representantes da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), Associação Brasileira de Entidades Estaduais de Meio Ambiente (Abema), Secretaria Nacional de Planejamento do Ministério do Planejamento e Orçamento (MPO), Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Sustentabilidade da Paraíba (Semas), Associação Catarinense de Preservação da Natureza (Acaprena), Associação Nacional de Municípios e Meio Ambiente (Anama), Secretaria de Estado do Meio Ambiente do Acre (Sema), Instituto de Meio Ambiente do Acre (Imac), Secretaria de Estado do Desenvolvimento Ambiental de Rondônia (Sedam), Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente (Idema/RN), Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo (Idaf), Confederação Nacional dos Municípios (CNM), Fundação de Proteção ao Meio Ambiente e Ecoturismo do Piauí (Fundapi), Procuradoria Nacional de Defesa do Clima e do Meio Ambiente da Advocacia Geral da União (AGU), Fundação Pró Natureza (Funatura), Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação, Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Estado do Tocantins (Semarh), Administração Estadual do Meio Ambiente de Sergipe (Adema), Sindicato das Indústrias Madeireiras do Norte de Mato Grosso (Sindusmad), Sindicato dos Madeireiros do Extremo Norte de Mato Grosso, além do SFB, Sema MT, Sedec, Fiemt, FNBF, CNI e Cipem.
Rodada de negócios
Dez compradores internacionais de 7 países e 30 empresas brasileiras participam de rodadas de negócios envolvendo madeira nativa produzida em áreas de manejo florestal sustentável em Mato Grosso. Foram mobilizados pela ApexBrasil importadores da África do Sul, Alemanha, Bélgica, França, México, Polônia e Uruguai.