Participantes de audiência pública da Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado promovida nesta quarta-feira (27) destacaram os benefícios do vegetarianismo para a saúde e para o meio ambiente. Segundo os debatedores, pesquisas apontam que a adesão de pessoas à dieta exclusiva com vegetais ajuda na redução da emissão de gases de efeito estufa e no uso mais sustentável de água para produção de alimentos, além de colaborar para a prevenção e o tratamento de doenças.
Autor do pedido de audiência, o senador Eduardo Girão (Podemos-CE) apontou que o número de pessoas vegetarianas tem crescido no país. Uma pesquisa de 2018, encomendada pela Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB) ao Ibope, mostrava que 14% dos brasileiros se consideravam vegetarianos.
A escritora Sandra Denise Calado afirmou que só o fato de o Senado abrir espaço para a discussão do tema já evidencia uma mudança de postura quanto ao vegetarianismo. Segundo ela, conforme mais pessoas têm acesso a informações sobre os benefícios dessa dieta, mais deixarão de consumir produtos de origem animal.
— É uma mudança de paradigma quanto à discussão do próprio planeta — disse a escritora ao elogiar a iniciativa de Girão.
Sandra acrescentou que a adesão ao veganismo é também uma forma de compaixão com os animais. Segundo dados citados pelos debatedores, estima-se que mais de 70 bilhões de animais terrestres são mortos anualmente para o consumo humano. Durante a reunião, Girão informou que, para acelerar a votação de um projeto de sua autoria em defesa dos animais, o PL 90/2020, ele irá conversar com o presidente da Comissão de Meio Ambiente (CMA) do Senado, Jaques Wagner (PT-BA). Esse projeto proíbe a produção e a comercialização de qualquer produto alimentício obtido por meio de método de alimentação forçada de animais. A proposta é relatada pela senadora Leila Barros (PDT-DF).
— Vou falar com a senadora Leila e com o presidente da Comissão de Meio Ambiente para que a gente coloque isso em pauta — disse Girão.
Meio Ambiente
Ricardo Laurino, presidente da Sociedade Vegetariana Brasileira, ressaltou alguns impactos positivos da redução do consumo de carne animal para o meio ambiente.
— Em relação aos impactos ambientais, eles não se limitam às emissões de gás do efeito estufa. Os impactos ambientais vão desde o consumo de água, passando pelo uso excessivo de terras e a ineficiência na produção de comida. Ao colocar um alimento de origem animal no prato, muitas pessoas não entendem que, a cada 10 calorias que aquele alimento traz, em torno de 100 calorias foram utilizadas para produzir aquele bife. Quanto mais nós incentivamos a produção de origem vegetal, maior é a nossa eficiência na produção de alimentos — disse Laurino.
Saúde
Além dos benefícios para o meio ambiente, pesquisadores e especialistas em vegetarianismo destacaram o impacto positivo da adoção da dieta sem carne na saúde. Pesquisas citadas durante a audiência indicam que a alimentação à base de vegetais reduz os riscos de diabetes, hipertensão, depressão e doenças mentais. Segundo a nutricionista Shila Minari, as dietas vegetarianas são nutricionalmente adequadas e podem reduzir em até 74% as chances de um indivíduo desenvolver diabetes. Além disso, o consumo de produtos de origem vegetal também pode melhorar a qualidade de vida.
— A qualidade de vida é um conceito subjetivo, mas a percepção subjetiva de bem-estar tem melhor resultado nos veganos — disse ela.
Além disso, os debatedores também argumentaram que a alimentação adequada e livre de carne também beneficia o tratamento de doenças coronarianas e alguns tipos de câncer.
— Pesquisadores já disseram que, devido aos maus hábitos, principalmente o alimentar, esta geração de jovens vai adoecer antes e, possivelmente, será a primeira geração de pessoas que terão vidas mais curtas do que a de seus pais. Mas enxergamos luz no fim do túnel. A alimentação vegetariana diminui doenças — reforçou Ernesto Sasaki Imakuma, do Centro de Medicina Mente-Corpo da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).
Também participaram da audiência Susan Andrews, psicóloga e antropóloga, coordenadora do Parque Ecológico Visão Futuro, de Porangaba (SP); o ex-senador Ulisses Riedel, da União Planetária; e Inez Cabral, da Diretoria do Instituto Sathya Sai de Educação do Brasil.
Tipos de vegetarianismo
Segundo a Sociedade Vegetariana Brasileira, há vários tipos de vegetarianismo:
- Ovolactovegetarianismo – tipo de vegetarianismo que permite o consumo de ovos, leite e laticínios na sua alimentação;
- Lactovegetarianismo – adeptos dessa dieta consomem leite e laticínios;
- Ovovegetarianismo – ovos são consumidos livremente;
- Vegetarianismo estrito – as pessoas que seguem o vegetarianismo estrito não consomem qualquer tipo de produto de origem animal em sua alimentação (tais como carne, ovos, laticínios e mel, por exemplo).
- Veganismo – é um modo de vida que procura excluir toda e qualquer forma de exploração e crueldade contra animais, seja na alimentação, no vestuário, nos cosméticos e em outras formas de consumo.