Em um dia marcado por tensões no cenário doméstico e internacional, o dólar superou a barreira de R$ 6,20, alcançando um novo recorde nominal desde a implementação do Plano Real. Paralelamente, a bolsa brasileira registrou uma queda superior a 3%, atingindo o patamar mais baixo desde o final de junho.
O dólar comercial encerrou esta quarta-feira (18) cotado a R$ 6,267, representando uma alta de R$ 0,172 (+2,82%) em apenas um dia. A moeda iniciou o pregão em torno de R$ 6,11, mostrando uma breve desaceleração no final da manhã. No entanto, uma declaração do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmando que o dólar deveria se estabilizar, gerou incertezas e contribuiu para o movimento de alta.
Após as 15h, o câmbio disparou novamente, impulsionado pelo anúncio do Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos Estados Unidos). Apesar de cortar a taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual, conforme esperado, o Fed indicou que adotará uma postura mais conservadora em 2025. Essa perspectiva reduz as expectativas de cortes adicionais nos juros no próximo ano, provocando volatilidade nos mercados globais.
A bolsa de valores brasileira também enfrentou turbulências. O Ibovespa, principal índice da B3, encerrou o dia em 120.772 pontos, com uma desvalorização de 3,15%. Esse desempenho representa o menor nível desde 20 de junho. Nos Estados Unidos, o impacto da decisão do Fed refletiu no Dow Jones, que recuou 2,2%.
As taxas de juros nos Estados Unidos, atualmente entre 4,25% e 4,5% ao ano, são consideradas elevadas no cenário global. Esses patamares elevados atraem capital para economias desenvolvidas, intensificando a saída de recursos de países emergentes como o Brasil. Esse movimento agrava a pressão sobre o dólar e contribui para a instabilidade da bolsa, num momento em que o país vive incertezas relacionadas à votação de um pacote fiscal no Congresso Nacional.
Na noite de terça-feira, a Câmara dos Deputados aprovou parte do pacote fiscal, restringindo a concessão de incentivos fiscais em cenários de déficit primário e permitindo cortes lineares em emendas parlamentares na mesma proporção de ajustes em despesas discricionárias. Apesar da expectativa de continuidade das votações nesta quarta-feira, a sessão ainda não havia sido iniciada até o final da tarde, prolongando o clima de incerteza nos mercados.