O registro de uma ocorrência sobre um possível calote no pagamento de uma dívida bancária levou a Polícia Civil de Mato Grosso a esclarecer o desaparecimento de uma mulher, que foi vítima de feminicídio ocorrido na cidade de Bom Jesus do Araguaia, na região nordeste do estado.
O marido de Irene Soares Alves, de 66 anos, que estava desaparecida há três anos, foi preso em flagrante, nesta quinta-feira (23.11), pelo crime de ocultação de cadáver e vai responder pelo feminicídio e também por estelionato previdenciário.
Bens e empréstimo bancário
Na última sexta-feira (18), a Delegacia da Polícia Civil de Ribeirão Cascalheira recebeu uma comunicação sobre um possível calote. A comunicante da ocorrência era avalista de Irene Soares em um empréstimo bancário, porém, informou que a vítima não teria honrado o compromisso e desaparecido. Ao procurar o marido da vítima para saber notícias de Irene, o marido a informou que a vítima teria fugido com um amante.
O suposto desaparecimento de Irene chamou a atenção dos policiais e, diante da suspeita, a equipe de investigação iniciou uma série de diligências para localizar a mulher de 66 anos.
A Polícia Civil constatou que não havia nenhuma notícia do paradeiro da vítima, desde abril de 2019. Ela deixou para trás uma propriedade rural na cidade de Bom Jesus do Araguaia, avaliada em mais de um milhão de reais, um imóvel na área urbana da mesma cidade e cabeças de gado bovino, entre outros bens. Além disso, os policiais apuraram que a vítima realizou um empréstimo de valor consideravelmente alto, pouco antes de desaparecer.
No decorrer das investigações, o companheiro da vítima, que convivia com ela há mais de 19 anos, passou a figurar como o principal suspeito e as informações apuradas indicavam que ele havia cometido homicídio contra a Irene.
Crime e confissão
Nesta quinta-feira (23.11), o companheiro de Irene compareceu à Delegacia de Ribeirão Cascalheira, após intimação, para prestar esclarecimentos sobre o fato. Inicialmente, em conversa informal com o delegado Flávio Leonardo, ele insistiu na história de que Irene teria fugido com um amante. Contudo, após tomar conhecimento de que havia elementos sólidos que o apontava como o principal suspeito, ele acabou confessando o crime e indicou o local onde enterrou o corpo da vítima.
Segundo o autor do crime, ele matou a vítima a pauladas, atingindo-a na região da nuca, após uma discussão por motivo banal. Em seguida arrastou o corpo para uma fossa, localizada atrás da residência, e a enterrou. Após cometer o homicídio, ele continuou vivendo na residência.
A trágica não acabou por aí. Depois de assassinar a mulher, ele passou a sacar mensalmente o benefício de aposentadoria de Irene, por um período de quase um ano.
“O suspeito segue preso em flagrante, pelo crime de ocultação de cadáver, que tem natureza permanente. Além disso, vai responder pelo crime de homicídio qualificado em feminicídio, motivo fútil e com recurso que impossibilite ou dificulte a defesa da vítima”, explicou o delegado Flávio Leonardo, acrescentando que o autor dos crimes também será autuado por estelionato previdenciário em continuidade delitiva.
O delegado encaminhou representação à Justiça pela conversão do flagrante em prisão preventiva. O autor dos crimes será encaminhado à penitenciária em Água Boa.