Bauru registra ampliação no número de reeducandos no Ensino Superior

Crescimento é atribuído a investimentos na educação em unidades prisionais e ao incentivo pelo resgate do conhecimento

Fonte: CenárioMT, com informações do Portal do Governo

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Em Bauru, no interior paulista, doze reeducandos do regime semiaberto têm a chance de reescrever as próprias histórias, embora condenados e pagando por seus crimes. Eles estão matriculados em cursos de graduação e buscam um recomeço de vida, além do diploma universitário.

Os dados indicam um aumento do número de presos cursando faculdade: em 2017, eram dois; no ano passado, foram oito. A mudança de cenário é atribuída a investimentos no setor educacional nas unidades e ao incentivo constante aos reeducandos pelo resgate do conhecimento.

Todos os doze presos universitários são do Centro de Progressão Penitenciária (CPP) “Doutor Alberto Brocchieri” I, de Bauru. Do total, nove conseguiram acesso à faculdade em razão da nota obtida no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e assistem a aulas presenciais em instituições de ensino superior de Bauru.

Recomeço

Um dos casos é do interno Luís Gustavo Galvão Fernandes, de 38 anos, que cursa o 5º semestre de Direito. Preso em 2010 por tráfico de drogas, ele conta que enfrenta vários desafios para manter os estudos – entre eles, a discriminação.

“Ainda existe muito preconceito com quem está preso, porém eu acredito que isso ocorre porque a sociedade ainda não está preparada para receber o egresso”, destaca. “Estamos em constante evolução e, neste momento importante do País, creio que o preconceito diminuirá e a reinserção do preso será melhor e eficaz”, acrescenta.

Casado e pai de duas meninas, Luís Gustavo pretende usar sua experiência para ajudar quem vivenciou situação semelhante. “Como advogado, pretendo auxiliar as pessoas que passaram pelos mesmos problemas que eu, tirando delas a sensação de insegurança jurídica e buscando penas mais justas”, completa.

No 3º semestre de Recursos Humanos (RH), o reeducando Marcos Alexandre de Araújo Souza, de 37 anos, afirma que um sonho está sendo realizado. Ele conseguiu emprego em uma empresa com a função de treinar outros presos, selecionados pela companhia para ocuparem novas vagas e cita o motivo pelo qual entrou na faculdade. “Para estar atualizado e voltar ao mercado de trabalho com força total”, revela.

Entre as metas, o interno projeta passar o Natal de 2020 com os filhos, em liberdade. “Quero ser referência de que, com esforço, dedicação, foco e respeito, mesmo com toda discriminação que existe, é possível mudar de vida e recomeçar, com dignidade, uma história”, afirma.

Estudos

De acordo com o diretor do Centro de Trabalho e Educação do CPP I, de Bauru, João André Collela, o aumento de presos com interesse em cursar faculdade se deve às ações realizadas na unidade, como melhoria do espaço físico do setor de educação e o incentivo constante para que os reeducandos invistam nos estudos.

“No Ensino Superior não existe limite. Vale salientar que a educação é transformadora. É perceptível a mudança das pessoas envolvidas no processo educacional. Isso nos dá a sensação de dever cumprido e de que estamos no caminho certo”, avalia.

Os presos têm acesso ao curso superior porque podem concluir os ensinos Fundamental e Médio nas unidades prisionais, por meio das Escolas Vinculadoras – parceria entre as secretarias Estaduais da Administração Penitenciária (SAP) e da Educação. Por exemplo, o Exame Nacional de Ensino Médio (Enem) e o Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja) são aplicados nos próprios presídios.

Educação

Atualmente, 185 presos do semiaberto em Bauru cursam o Ensino Fundamental, sendo 96 do CPP I e 89 do Centro de Progressão Penitenciária “Doutor Eduardo de Oliveira Vianna” II. No ensino médio, são 222 reeducandos, sendo 90 do CPP I e 132 do CPP II.

“Vejo a escola como uma ótima oportunidade para ter um futuro melhor. Isso abrirá muitas portas quando eu ganhar a liberdade”, salienta o interno Marco Antônio Souza Reis, 27 anos, que cursa o 1º ano do Ensino Médio na unidade prisional.

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