Conforme divulgado pela Polícia Civil do Rio Grande do Sul, uma força-tarefa deflagrada na manhã desta terça-feira (2) cumpriu 22 ordens judiciais contra um grupo interestadual envolvido no golpe do falso médico, com alvos em Mato Grosso, Goiás e Rio de Janeiro. A operação, denominada Cura Ficta, tem como objetivo desarticular a estrutura responsável por extorsões contra familiares de pacientes internados em UTIs.
Segundo nota oficial da Delegacia de Repressão aos Crimes Patrimoniais Eletrônicos (DRCPE/DERCC), responsável pela investigação inicial no RS, foram expedidos nove mandados de prisão preventiva e 13 de busca e apreensão. Conforme apurado, a ofensiva reuniu equipes de diferentes estados para execução simultânea das diligências.
Como o esquema funcionava
A apuração teve início após registros de vítimas em Porto Alegre e Canoas relatarem perdas que somam dezenas de milhares de reais. A reportagem confirmou que os criminosos se passavam por médicos ou diretores clínicos, utilizando nomes fictícios e fotos retiradas da internet. Com acesso a dados de pacientes internados, informavam falsos agravamentos clínicos — como supostas leucemias ou infecções bacterianas graves — e exigiam pagamentos imediatos via Pix para exames ou medicamentos.
Documentos oficiais apontam que o líder da organização é um detento de 35 anos, recolhido na Penitenciária Major PM Eldo Sá Corrêa, em Rondonópolis (MT). Mesmo preso, ele coordenava ligações, distribuição de tarefas e movimentação financeira. Em buscas anteriores, já haviam sido apreendidos cadernos com scripts do golpe, dados bancários e números de telefone.
Ramificações e engenharia financeira
De acordo com a investigação, o grupo mantinha uma rede de lavagem de dinheiro envolvendo contas bancárias de terceiros, inclusive em Guaratiba (RJ). Dois operadores eram responsáveis por receber e repassar valores provenientes das extorsões. Em Rondonópolis, um dos alvos tinha 121 chaves Pix cadastradas em seu CPF — número considerado atípico e representativo de operação profissional para pulverização de recursos ilícitos.
A análise também revelou o uso de emuladores de Android para controlar diversas contas de WhatsApp e aplicativos bancários de forma simultânea, dificultando o rastreamento pela polícia. Segundo o relatório policial, parte dos lucros era destinado ao financiamento de uma facção com atuação expressiva no estado.
Objetivos da Operação Cura Ficta
O nome faz referência direta às falsas promessas de tratamento utilizadas para manipular vítimas em momentos de fragilidade emocional. Com a deflagração, a Polícia Civil busca não apenas capturar executores e articuladores, mas também interromper o fluxo financeiro do grupo e coletar novos elementos probatórios.
As autoridades reforçam que golpes desse tipo violam não apenas o patrimônio das vítimas, mas também sua integridade emocional, explorando situações de urgência hospitalar.
Box Informativo
- Nome da operação: Cura Ficta
- Mandados cumpridos: 22 (9 prisões e 13 buscas)
- Estados envolvidos: MT, GO e RJ
- Investigação inicial: DRCPE/DERCC – Polícia Civil do Rio Grande do Sul
- Modus operandi: Extorsão por telefone, uso de dados sigilosos e múltiplas chaves Pix
Reportagem baseada em comunicados oficiais da Polícia Civil do Rio Grande do Sul e documentos de investigação.
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