O Comando Vermelho (CV) aparenta ter retomado atividades de garimpo ilegal na Terra Indígena Sararé em Mato Grosso, semanas após a Operação Xapiri, conduzida por órgãos federais no segundo semestre de 2025. A movimentação aumenta o risco de violência e ameaça direta as comunidades locais.
Relatórios internos da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), enviados ao governo federal entre outubro e dezembro, indicam que os criminosos retornaram com logística organizada, transportando combustível, alimentos e materiais para a construção de estruturas improvisadas dentro do território. A atuação inclui operações noturnas, o que dificulta a fiscalização e aumenta a sensação de insegurança entre os indígenas.
Os documentos descrevem episódios de violência extrema, incluindo assassinatos, ataques contra agentes públicos e confrontos armados. Há circulação de fuzis, uso de explosivos e tentativas de cooptação de indígenas para facilitar a entrada e permanência dos criminosos nas aldeias.
Informações de inteligência citadas nos relatórios apontam a expansão do CV na região e disputas entre facções rivais pelo controle de pontos de extração ilegal. Garimpeiros teriam contratado seguranças armados, criando estruturas semelhantes a milícias privadas. Em um caso, a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) estima que um único garimpo sob influência do CV concentra cerca de dez fuzis.
Um delegado da Polícia Federal citado nos documentos classifica a situação como uma “mexicanização” do território, em referência ao domínio armado por organizações criminosas. A Funai alerta ainda para ameaças a lideranças indígenas e uso das rotas de acesso às comunidades por criminosos. Há indícios de que grupos que haviam deixado a área durante a operação federal planejavam retornar com maior intensidade.
As autoridades seguem monitorando a região e estudam novas ações de fiscalização e repressão. A Funai reforça a necessidade de proteção às comunidades e aponta que a vigilância constante é essencial para evitar a escalada da violência.
Fonte: Funai e documentos internos obtidos pelo jornal O Globo.






















