Em uma reviravolta surpreendente, o Google anunciou nesta segunda-feira que abandonará seus planos de eliminar os temidos cookies de rastreamento do Chrome. A decisão contraria expectativas e gera preocupação entre os usuários sobre a privacidade online.
A gigante da tecnologia havia prometido há quatro anos acabar com esses rastreadores digitais, que permitem a coleta de dados comportamentais para fins publicitários. No entanto, enfrenta dificuldades em encontrar uma alternativa que equilibre os interesses da empresa com as demandas dos reguladores e do mercado publicitário.
Em vez de bloquear os cookies, o Google propõe um novo sistema que oferece aos usuários a escolha entre diferentes níveis de privacidade. A opção inclui a manutenção dos cookies, o uso da API Topics (que cria grupos de interesses genéricos) ou a navegação privada. No entanto, detalhes sobre como esse sistema funcionará ainda são escassos.
A decisão da empresa gerou críticas de organizações de defesa do consumidor, como a Electronic Frontier Foundation (EFF), que acusou o Google de priorizar lucros em detrimento da privacidade. A EFF lembra que Safari e Firefox já bloquearam cookies de terceiros por padrão desde 2020.
Os reguladores também expressaram preocupação. A Autoridade de Concorrência e Mercados do Reino Unido (CMA) adiou a publicação de um relatório sobre o assunto e afirmou que analisará cuidadosamente a nova proposta do Google. O Comissário de Informação do Reino Unido também manifestou desapontamento com a decisão.
Por outro lado, a indústria publicitária comemorou a notícia. A Network Advertising Initiative (NAI), uma associação de empresas do setor, defendeu a manutenção dos cookies como essencial para a competição e a publicidade online.
Com essa reviravolta, a batalha pela privacidade na internet ganha um novo capítulo. Usuários do Chrome, que representam cerca de 3 bilhões de pessoas, terão seus dados ainda mais expostos, a menos que optem ativamente por medidas de proteção mais rígidas.