A meta do Google de reduzir sua pegada climática está ameaçada pelo aumento da dependência de centros de dados, grandes consumidores de energia, para alimentar seus novos produtos de inteligência artificial. A gigante da tecnologia revelou na terça-feira (02/07) que suas emissões de gases de efeito estufa subiram 48% nos últimos cinco anos.
O consumo de eletricidade por data centers e as emissões da cadeia de suprimentos foram apontados pelo Google como os principais responsáveis pelo aumento. O relatório ambiental anual da empresa também revelou que as emissões em 2023 subiram 13% em relação ao ano anterior, atingindo 14,3 milhões de toneladas métricas.
A companhia, que investe pesadamente em IA, admitiu que sua meta “extremamente ambiciosa” de alcançar emissões líquidas zero até 2030 “não será fácil”. O relatório cita “incerteza significativa” em relação ao atingimento da meta, incluindo “a incerteza em torno do futuro impacto ambiental da IA, que é complexo e difícil de prever”.
Desde 2019, ano base da meta de emissões líquidas zero do Google, as emissões da empresa aumentaram quase 50%. Essa meta exige que a companhia remova da atmosfera a mesma quantidade de CO2 que emite.
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A Agência Internacional de Energia estima que o consumo total de eletricidade dos data centers possa dobrar entre 2022 e 2026, passando para 1.000 TWh (terawatt-hora) – equivalente ao consumo elétrico do Japão. De acordo com cálculos da empresa de pesquisa SemiAnalysis, a IA fará com que os data centers usem 4,5% da geração global de energia até 2030.
Esses centros desempenham um papel crucial no treinamento e operação dos modelos que sustentam sistemas de IA como o Gemini do Google e o GPT-4 da OpenAI, que alimenta o chatbot ChatGPT. A Microsoft também admitiu este ano que o uso de energia relacionado a seus data centers está colocando em risco sua meta ousada de ser carbono negativo até 2030. Brad Smith, presidente da Microsoft, reconheceu em maio que “a meta mudou” devido à estratégia de IA da empresa.
O cofundador da Microsoft, Bill Gates, disse na semana passada que a IA ajudaria a combater a crise climática porque as grandes empresas de tecnologia estão “seriamente dispostas” a pagar a mais para usar fontes de energia limpa, a fim de “dizer que estão usando energia verde”.
Para tentar cumprir suas metas climáticas, as gigantes da tecnologia se tornaram grandes compradoras de energia renovável.
No entanto, as promessas de redução de emissões de CO2 agora se chocam com os investimentos pesados em produtos de IA que exigem quantidades consideráveis de energia para treinamento e implantação em data centers. Além disso, há as emissões de carbono associadas à fabricação e transporte dos servidores e chips usados nesse processo. O consumo de água é outro fator ambiental a se considerar no boom da IA. Um estudo estima que a IA possa ser responsável por até 6,6 bilhões de metros cúbicos de uso de água até 2027 – quase dois terços do consumo anual da Inglaterra.