A maior reserva indígena do Brasil, o Território Yanomami, vive uma crise sanitária e de segurança alimentar sem precedentes. O Ministério dos Povos Indígenas estima que ao menos 570 crianças tenham morrido de fome, desnutrição e contaminação pelo mercúrio em 2022.
A emergência humanitária é resultado direto dos cortes de recursos para a saúde indígena no governo de Jair Bolsonaro e da tomada das terras pelo garimpo nos últimos anos. O número de garimpeiros no Terra Indígena Yanomami passou de 20 mil em 2022, quase o tamanho da população de 28 mil povos originários na região.
“Nossos idosos, mulheres, crianças e jovens estão morrendo de contaminados de mercúrio”, denuncia Dario Kopenahua, vice-presidente da associação indígena Hutukara, uma das sete que representam as lideranças políticas locais.
“O governo Bolsonaro cortou recurso da saúde indígena e saúde do Brasil. Então isso enfraqueceu a desmobilizou bastante essa assistência da saúde pública.”
Em entrevista a Natuza Nery, Dario relata que embora a cultura dos povos originários no território considere inadequado fotografar pessoas doentes – como as imagens chocantes que têm circulado em redes e jornais – há quem considere que os registros chamam atenção para a gravidade da situação.
“Falta consulta nas aldeias”, diz. “Por outro lado é para chamar atenção dos indígenas, dos governos estaduais e do povo brasileiro para apoiar e salvar a vida do povo Yanomami.”