Pai de Henry Borel faz desabafo em redes sociais: ‘Quem tinha obrigação de proteger optou em lhe ‘vender’ para pagar as contas pessoais’

Fonte: Eliane Santos, G1 Rio

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Foto: Reprodução

O engenheiro Leniel Borel postou um texto neste sábado (30) em tom de desabafo em seu perfil no Instagram. Como se fosse uma carta para o filho Henry – morto no dia 8 de março desse ano -, ele fala das expectativas que tinha em vê-lo crescer, de como sente sua falta e refere-se a Monique Medeiros e Jairinho como monstros – expressão que já tinha usado em uma audiência do caso.

“Henry, papai segurava você e dizia: ‘Esse príncipe vai ser o melhor menino do mundo. Esse menino vai ser melhor do que qualquer um que conhecemos! Mas dois monstros não deixaram te ver crescer. Interromperam sua vida a sangue frio, sem nenhum remorço, sem nenhum sentimento por uma criança inocente”, diz ele em um trecho.

Na sequência ele faz uma acusação que parece endereçada à ex-mulher, Monique Medeiros, que vivia com Jairinho.

“No ponto mais lindo deste percurso, onde prevalecia a doce inocência de uma criança que só pedia amor, quem tinha a obrigação de lhe proteger (…) optou em lhe ‘vender’ para pagar as contas pessoais, interesses financeiro, transformou-te em uma poupança. Não deixaram você ser você. Um príncipe, um anjo, o amor personificado na criança mais linda que conheci”, escreveu.

 

O advogado Hugo Novais, disse que também é pai, e entende a necessidade de desabafo de Leniel.

“A defesa informa que é complacente com a dor de quem perdeu um filho, mas entende que a Monique foi vítima ao perder um filho, não concorrer para a sua morte e nem poder viver o luto da sua perda”, disse Novais.

Ele acrescentou ainda que o depoimento contraditório da babá de Henry, na primeira audiência do caso, mostra que Monique não realizou nenhuma influencia sobre a babá, e que sua cliente foi enganada.

“Ela sabe que não fez nada contra o filho e vai encarar a Justiça de frente”, disse Novais.

Mudanças no processo

 

Esta é a segunda vez que Leniel Borel se manifesta sobre o caso em suas redes sociais. Na quarta-feira (27) ele se disse “aflito” por mudanças e “distorções” nos depoimentos e que poderiam atrapalhar no processo de justiça pela morte do filho.

“(Venho) relatar o quão aflito estou pelas incoerências discorridas sobre o caso e mudanças e distorções dos depoimentos”, diz em um trecho. “As últimas notícias do andamento do caso são preocupantes! Estão sendo feitas diversas mudanças quanto aos depoimentos, atrapalhando ainda mais o julgamento. Não podemos deixar que a mentira vença, é a justiça pelo meu filhinho que está em jogo”, escreveu.

Jairinho e Monique estão presos desde 8 de abril e ambos são réus pelo assassinato de Henry, morto por consequências, segundo a investigação, de agressões do ex-vereador. O casal responde no Tribunal do Júri.

Uma das mudanças no curso do julgamento foi a nova versão dada pela babá de Henry, que disse não saber das agressões de Jairinho, ao contrário do que havia dito à polícia.

Outra estratégia da defesa questionada por Leniel é a de dizer que Henry saiu vivo do apartamento onde vivia o casal, na Barra, e morreu no hospital – versão contrária à da Polícia Civil, que afirma que ele morreu ainda no apartamento.

A imagem da câmera do elevador (veja abaixo), divulgada pela defesa de Jairinho, mostra os três descendo para garagem do prédio, na madrugada de 8 de março, data da morte da criança. Jairinho parece tentar reanimar Henry, que está de olhos fechados e não se mexe.

Braz Sant’anna, advogado de Jairinho, disse que a filmagem “revela que Henry foi levado com vida ao hospital” e que “outras circunstâncias que constam dos laudos conduzem a esta conclusão, contrariando a versão acusatória”.

Laudos da polícia afirmam, no entanto, que Henry tinha morrido pelo menos duas horas antes.

No Tribunal do Júri, no último dia 6, o delegado Henrique Damasceno, responsável pela investigação, afirmou que “Henry já chegou morto ao hospital”.

“Ficou expressamente demonstrado pela equipe médica e pelos laudos periciais que, embora e tenha sido submetido a manobras de ressuscitação por bastante tempo, em nenhum momento ele apresentou frequência cardíaca. Ele já chegou morto”, disse o delegado.

 

Damasceno destacou que a tentativa de socorro ao menino feita por Jairinho, antes da chegada à unidade da saúde, não foi adequada.

“Você soprar a boca de uma criança no colo, desfalecida, não é o procedimento certo em um caso como esse”, afirmou o delegado.

A necropsia no corpo do garoto e a reconstituição no apartamento da família já tinham apontado que a criança sofreu 23 lesões, como uma laceração no fígado, e que Henry morreu vítima de ação violenta — descartando a hipótese de acidente, como alegam os advogados do ex-casal.

Sou Dayelle Ribeiro, redatora do portal CenárioMT, onde compartilho diariamente as principais notícias que agitam o cotidiano das cidades de Mato Grosso. Com um olhar atento para os eventos locais, meu objetivo é informar e conectar as pessoas com o que acontece em suas cidades. Acredito no poder da informação como ferramenta de transformação e estou sempre em busca de trazer conteúdo relevante e atualizado para nossos leitores. Vamos juntos explorar as histórias que moldam nosso estado!