Bronny James, filho mais velho do astro da NBA LeBron James, sofreu uma parada cardíaca quando treinava com o time de basquete da Universidade do Sul da Califórnia (USC) e foi internado na segunda-feira (24). Bronny, de 18 anos, está fora da unidade de terapia intensiva e apresenta quadro estável, aponta a nota divulgada pela família James nesta terça.
O quadro de Bronny James levantou uma dúvida recorrente quando incidentes do tipo acontecem: doenças do coração também afetam os jovens?
Embora não tenham sido divulgados detalhes sobre o caso, há diferentes relatos na literatura médica de problemas relacionados ao coração em crianças, adolescentes e jovens. Há, por exemplo, uma estimativa de que de 3% a 5% das pessoas em idade pediátrica tenham hipertensão e de 10% a 15%, pressão arterial elevada.
A parada cardíaca ocorre quando o coração deixa de bater ou pulsa de forma ineficaz, resultando na interrupção do fluxo sanguíneo para o corpo e, consequentemente, na falta de oxigênio para os órgãos e tecidos. Sem oxigênio suficiente, o cérebro e outros órgãos vitais podem sofrer danos irreversíveis após apenas alguns minutos.
Há diferentes possíveis motivos para uma parada cardíaca, e o infarto do miocárdio (popularmente conhecido como ‘ataque cardíaco’) pode ser uma delas. Arritmias cardíacas, traumas ou mesmo abuso de substâncias também podem figurar entre as explicações de uma parada cardíaca.
Infarto x arritmia
No ano passado, quando a miss juvenil Ingrid Silva, de 16 anos, morreu em consequência de um infarto, o cardiologista Sérgio Rassi, membro do Conselho Deliberativo e Ex-Presidente da Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas (Sobrac), explicou que é comum que infartos sejam confundidos com arritmias cardíacas, que podem ter várias causas, sendo quase todas predisposições genéticas.
“Infarto em adolescentes é extremamente raro, a menos que haja alguma anomalia congênita. Quando há uma morte súbita se supõe infarto porque, na idade adulta, a causa mais comum é o infarto. No entanto, nos jovens não. A maior causa de morte súbita no jovem é a arritmia cardíaca, que se confunde com infarto”, explicou à época.
Rassi indica que as principais condições genéticas que podem levar à arritmia são:
- Sindrome de Wolff-Parkinson-White: presença de uma via elétrica anormal no coração ;
- Dispalsia arritmogênica de ventriculo direito: quando há células de tecido gorduroso no lugar de células do miocárdio (tecido da parede mais espessa do coração);
- Hipertrofia assimétrica septal: quando o músculo cardíaco entre os dois ventrículos é mais espesso que o normal;
- Sindrome de Brugada: quando há uma anomalia em um dos segmentos do eletrocardiograma (chamado de ST);
- Sindrome do QT longo: quando há um prolongamento anormal de outra medição do eletrocardiograma (chamado de intervalo QT);
- Fibrilação ventricular primária: distúrbio elétrico congênito no coração;
- Intervalo QT curto (repolarização precoce): quando há um encurtamento anormal do intervalo QT (uma das medições do eletrocardiograma.
“Todas estas situações podem provocar taquicardias ventriculares que, em última essência, podem gerar morte súbita, confundindo-se com ‘infarto do miocárdio’ que, como disse, muito raro nesta faixa etária”, completou.