Um conjunto de relatos que circula em redes sociais e fóruns políticos nos últimos dias aponta para um possível agravamento da crise diplomática envolvendo Venezuela, Estados Unidos e Brasil. Apesar da grande repercussão, nenhuma das alegações foi confirmada por governos, entidades oficiais ou pela imprensa profissional, e especialistas classificam o conteúdo como especulativo.
Maduro pede apoio do Brasil em transmissão improvisada
Segundo publicações não verificadas, o presidente venezuelano Nicolás Maduro teria feito uma transmissão ao vivo na TV estatal usando “portunhol” para pedir apoio de brasileiros diante da tensão crescente com os Estados Unidos. Nas falas atribuídas a ele, Maduro teria agradecido um boné do MST e convocado “o povo brasileiro às ruas pela paz e soberania”.
Também circulam alegações de que o líder venezuelano teria negado envolvimento com narcotráfico e acusado Washington de tentar derrubá-lo para controlar o petróleo do país. Nenhuma dessas declarações aparece em registros oficiais ou comunicados públicos.
‘Às ruas para apoiar a Venezuela’: Maduro apela em ‘portunhol’ pela ajuda brasileira
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, por meio de “portunhol”, solicitou apoio ao povo brasileiro na defesa do Estado venezuelano, “seu direito para paz e soberania”, durante… pic.twitter.com/FuBtpuoHSa
— Sputnik Brasil (@sputnik_brasil) December 5, 2025
EUA ordenam saída de cidadãos da Venezuela — esta parte é real
O único ponto confirmado por fontes oficiais é o comunicado do Departamento de Estado dos EUA, que colocou a Venezuela em alerta máximo (nível 4) e recomendou que todos os americanos deixem o país imediatamente devido a risco de detenção arbitrária, violência e instabilidade.
O órgão norte-americano não mencionou operações militares nem ações direcionadas ao governo Maduro.
Suposto diálogo de Maduro com Trump e intermediação de Joesley Batista não têm comprovação
Outro ponto especulativo diz respeito a uma suposta ligação telefônica entre Maduro e Donald Trump, além da alegação de que o empresário brasileiro Joesley Batista teria viajado à Venezuela para negociar uma “saída política” para a crise.
Nenhuma dessas informações foi confirmada por autoridades norte-americanas, venezuelanas ou brasileiras.
EUA estariam avaliando revogar sanções Magnitsky contra Moraes — informação é improcedente
Circula ainda a afirmação de que o governo dos EUA estaria estudando revogar sanções da Lei Magnitsky contra o ministro Alexandre de Moraes (STF) e sua esposa, Viviane Barci de Moraes.
Contudo, não há registro de que eles tenham sido alvos desse tipo de sanção, o que torna a hipótese de “revogação” incompatível com os fatos.
Alterações no processo de impeachment de ministros do STF também aparecem distorcidas
Publicações especulativas afirmam que o ministro Gilmar Mendes teria tomado decisões com objetivo de “frear o avanço da direita” a partir de 2027, ao redefinir regras sobre pedidos de impeachment de ministros da Corte.
Embora Gilmar Mendes tenha de fato proferido decisões sobre legitimidade processual em ações dessa natureza, não há qualquer evidência de motivação político-partidária, e a interpretação viralizada não é reconhecida em fontes oficiais.
Especialistas alertam para “mistura de fatos reais com especulação”
Analistas consultados por veículos de imprensa reforçam que esse tipo de narrativa — que combina:
- um fato real (como o alerta de viagem dos EUA),
- com rumores de bastidores não confirmados,
- e com alegações sem base factual —
é um padrão comum em momentos de tensão geopolítica.
Eles recomendam que o público aguarde posicionamentos oficiais e consulte veículos jornalísticos reconhecidos antes de tomar as informações como verdadeiras.






















