O governador de São Paulo, João Doria, disse nesta quarta-feira (1º), durante viagem aos Estados Unidos, que, após a confirmação de três casos de pacientes com a variante ômicron da Covid no estado, é preciso “cautela” e “não é hora de promover festa de réveillon”.
“Eu posso dizer, com absoluta segurança, que vamos no caminho da cautela, do zelo, pra proteger vidas. Não é hora, ao meu ver, de fazer festas de réveillon, embora seja uma decisão dos prefeitos, dos municípios, não me parece a hora adequada para promover festa de réveillon. Pelo menos no caso do estado de São Paulo essa é a nossa posição e acho que temos que ter muito cuidado também com relação ao Carnaval para que também igualmente prefeitas e prefeitos possam reavaliar”, afirmou.
Sobre a obrigatoriedade do uso de máscaras aor ar livre, Doria afirmou que fez uma nova consulta ao Comitê Científico do estado e deve receber uma resposta na manhã desta quinta. O governador está em viagem oficial a Nova York organizada pela InvestSP para encontro com investidores.
“O Comitê Científico vai apresentar amanhã pela manhã sua proposta. Eu fiz uma consulta formal hoje pela manhã, mesmo estando aqui nos Estados Unidos, diante desses três casos que positivaram com essa nova vertente sul-africana para que eles possam se manifestar – e o que eles decidirem é o que vamos adotar. Então, amanhã pela manhã essa posição já será pública.”
A avaliação de Doria difere da do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB). Na terça-feira (30), Nunes havia afirmado que a tradicional festa de réveillon da capital, na Avenida Paulista, estava mantida. Ele também informou que a Secretaria Municipal da Saúde monitora o avanço da variante ômicron no mundo e que uma reunião está marcada com representantes da pasta para a próxima segunda-feira (6).
Em coletiva de imprensa no estádio do Pacaembu, o prefeito foi questionado se a festa de réveillon será suspensa, como na virada para 2021. Ele respondeu que a cidade de São Paulo vai continuar a seguir as orientações da Secretaria da Saúde.
Após repetirem a pergunta, Nunes disse que a festa, “na data de hoje, está mantida”.
“O que é importante dizer é que, se houver algum risco sanitário para a população de São Paulo, nós não teremos réveillon; agora, se não houver risco sanitário, a gente não tem por que antecipar ou tomar alguma atitude que não seja baseada na ciência, nas orientações da vigilância sanitária. A Prefeitura de São Paulo está muito tranquila”, afirmou o prefeito, acrescentando que “ficou para o dia 6 a resposta”.
“A Prefeitura de São Paulo, desde que começou a pandemia, não errou até agora. Sempre tomou atitudes que deram certo. E isso a gente precisa ter como referência e continuar na mesma linha, confiando na Secretaria de Saúde, e a população ter do prefeito a palavra e o compromisso: não tomarei nenhuma atitude para agradar A ou B, nenhuma atitude para ficar bem ou mal com ninguém. As ações da Prefeitura de São Paulo serão tomadas com base na Secretaria de Saúde”, completou.
O réveillon de 2021 foi cancelado pela gestão municipal por conta da pandemia. Já sobre a festa deste ano, o evento vinha sendo tratado como viável e condicionado ao “quadro epidemiológico da pandemia” desde julho, quando a ocupação dos leitos de UTI da capital estava em 62% e a população eletiva vacinada estava na casa dos 56%.
Até segunda-feira (29), a taxa de ocupação nas UTIs estava em 27%, e, na semana passada, a capital paulista ultrapassou a marca de 100% da população adulta com o esquema vacinal completo contra a Covid-19. Entre os adolescentes de 12 a 17 anos, contudo, a segunda dose foi aplicada em 56% do grupo.
Pelo país, prefeituras de ao menos 11 capitais brasileiras anunciaram cancelamento total ou parcial das festas de réveillon por conta da Covid: Campo Grande, Florianópolis, João Pessoa, Fortaleza, Palmas, Recife, Salvador, São Luís, Brasília, Aracaju e Belém.
O maior receio tem sido com a ômicron, definida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma “variante de preocupação”, embora ainda existam muitas dúvidas sobre o perigo real que ela representa.
Na segunda-feira, ministros da Saúde do G7, o grupo dos países mais desenvolvidos, disseram que a variante do coronavírus é altamente transmissível e requer ação urgente.