AUniversidade Federal de Mato Grosso (UFMT) lançou uma nova edição do processo seletivo específico para candidatos quilombolas de Mato Grosso, ofertando 145 vagas, para diferentes cursos, nos Câmpus de Cuiabá, Várzea Grande e Sinop. A assinatura simbólica do edital aconteceu nesta quinta-feira (2), em evento na reitoria da UFMT, com a presença de representantes das comunidades quilombolas, da Secretaria de Estado de Educação (Seduc) e pesquisadores.
“Nossa universidade foi pioneira na implementação de ações afirmativas, com reserva de vagas antes mesmo da lei federal de cotas. Em 2017 fizemos a primeira versão de um programa voltado para quilombolas, mas que teve que ser interrompido, e agora, desde o ano passado, retomamos essa iniciativa com apoio da Seduc”, explicou o reitor da UFMT, professor Evandro Soares da Silva.
Para concorrer a uma vaga os candidatos podem utilizar a nota do ENEM dos últimos 5 anos, ou, caso não tenham participado do Exame, usar o Histórico Escolar do Ensino Médio. Essa é uma especificidade deste processo seletivo e, de acordo com Maria Lecy David de Oliveira, representante da Seduc, visa a valorização do currículo das escolas quilombolas
“É uma satisfação imensa ver este processo que fortalece as nossas escolas. A Seduc segue ao lado da UFMT como parceira, traçando um caminho maravilhoso para nossos estudantes”, afirmou.
Além do apoio no lançamento do edital, a Seduc e a UFMT também atuam juntas na criação de estratégias para a permanência dos estudantes na Instituição. “O ingresso só não é o suficiente. A Universidade precisa oferecer condições para que esses alunos fiquem aqui e concluam o curso com êxito”, disse a pró-reitora de Assistência Estudantil, professora Lisiane Pereira de Jesus.
Uma das políticas de permanência em vigor são bolsas de até R$900, ofertadas durante oito meses, para os 41 estudantes quilombolas que ingressaram na edição de 2022 deste seletivo. Os recursos foram destinados pelo governo estadual, mas sua continuidade depende de novos aportes.
Maria Helena Tavares Dias, professora no território quilombola Vão Grande, disse que este processo seletivo é um marco na igualdade de acesso ao ensino superior público e de qualidade. “Assim como eu tive a oportunidade de fazer o mestrado na UFMT com ações afirmativas, esse seletivo traz para a gente a possibilidade de diminuir a desigualdade na universidade”, concluiu.
Durante o encontro, o reitor e os pró-reitores de ensino de graduação e assistência estudantil também ouviram dos representantes quilombolas sugestões de como auxiliar em demandas específicas do grupo.