Moradores de um condomínio, em Várzea Grande, região metropolitana de Cuiabá, afirmaram que estão desesperados, pois precisam deixar as casas imediatamente por risco de desabamento, mas não têm para onde ir. A Defesa Civil notificou 54 famílias na terça-feira (29).
A jornalista Milene Nunes contou que a notícia de que as famílias teriam que deixar as casas abalou a todos. Ela afirmou que ainda não encontrou um lugar para ficar.
“Estou sem chão. Passei a noite acordada chorando, assim como muitas famílias aqui. É difícil conseguir um lugar para ficar em um dia”, disse.
Os valores pagos pelos moradores do local variam entre R$ 240 mil e R$ 350 mil, segundo eles. Além disso, muitos precisaram gastar com reformas.
“Investi na casa do condomínio e ainda estamos pagando pela obra. Agora além de pagar pela reforma, teremos que pagar aluguel”, ressaltou.
Segundo Milene, ela comprou a casa há oito anos e, desde então, já havia problemas na estrutura.
“Quando a construtora foi entregar a casa havia rachaduras no teto. Eles passaram uma massa corrida e tapou. Com o tempo, outros problemas estruturais foram aparecendo”, contou.
Conforme a notificação enviada ao condomínio, as casas estão localizadas em um terreno deteriorado, o que está causando rachaduras, com risco de desabamento a qualquer momento.
As casas ficam nas quadras P e Q, próximas ao muro de arrimo.
“A situação desse muro está preocupante, porque aparentemente o muro está cedendo e isso pode causar um acidente. Se houver algum acidente com esse muro a terra deve puxar todas essas residências”, afirmou a coordenadora de Defesa Civil, Cristiane Prado.
A gerente administrativa Kalina Espindula afirmou que não estava preparada para se mudar.
Segundo ela, o único lugar que poderá ficar é na casa da mãe. Já os móveis dela devem ser distribuídos em casas de parentes e amigos, pois não tem espaço para guarda tudo na casa mãe.
“Não sei para onde ir. A princípio terei que ficar na casa da minha mãe. A construtora alegou para nós de que a culpa é nossa por reformar as casas, mas a minha nunca foi mexida e é exemplo de que o problema não é isso”, relatou
Kalina disse que o quarto dela está com rachadura e nas últimas duas semanas moveu alguns milímetros.
“Tem buracos no solo. As casas podem desabar a qualquer hora. Quando venderam o imóvel, deveriam me dar segurança, mas não tenho”, ressaltou.
Vistoria
A Defesa Civil havia feito uma vistoria no condomínio em agosto deste ano e concluiu que os imóveis apresentavam rachaduras e fissuras.
“Foram verificadas marcas de vazamentos de água, causando preocupação, pois pode estar havendo excesso de pressão no local com acúmulo de água e não foi identificado nenhum dreno para estes casos”, disse a coordenadora.
No dia 23 deste mês, a 6ª Promotoria de Justiça Cível de Várzea Grande notificou a construtora para que adotasse as medidas de prevenção necessárias para reduzir o risco de desabamento do muro de contenção existente nos fundos do condomínio.
Também requisitou que no prazo de 10 dias a empresa apresentasse cópia dos projetos aprovados referentes ao muro de contenção, acompanhados da Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) do profissional que elaborou os projetos e que executou a obra.
No entanto, os moradores afirmaram que continuam sem resposta por parte da construtora.