O monitoramento emergencial criado para conter o avanço das intoxicações por metanol foi oficialmente encerrado pelo Ministério da Saúde, após o país registrar queda significativa de novos casos e óbitos. A medida marca o fim da fase mais crítica do surto, que deixou três mortes e seis confirmações em Mato Grosso.
A decisão foi publicada por meio da Portaria nº 9.169, assinada pelo ministro Alexandre Padilha, encerrando a Sala de Situação instalada em outubro. O último caso confirmado no país ocorreu em 26 de novembro, relacionado a um paciente que apresentou sintomas três dias antes, segundo informações da pasta.
O Ministério da Saúde reforçou que a redução expressiva de novas notificações consolidou um cenário de estabilidade epidemiológica. Em Mato Grosso, o período crítico resultou em seis casos confirmados e três óbitos, conforme dados oficiais.
Embora o epicentro tenha sido São Paulo, com 50 confirmações, o estado mato-grossense esteve entre os mais afetados pela circulação de bebidas adulteradas. Segundo o Ministério da Saúde, a resposta federal foi decisiva para impedir que o quadro se agravasse, especialmente pela distribuição de antídotos e insumos clínicos a regiões com maior risco.
No período de monitoramento ampliado, a pasta enviou 1.500 ampolas de fomepizol e 4.806 unidades de etanol a diversos estados, além de manter um estoque estratégico com 2,6 mil ampolas do antídoto. As remessas incluíram materiais destinados a Mato Grosso, seguindo critérios de prioridade voltados a locais com circulação de bebidas fraudadas.
Operações e ações federais
A criação da Sala de Situação ocorreu após um alerta nacional emitido em 26 de setembro pela Senad, do Ministério da Justiça, que identificou os primeiros indícios do surto. A partir disso, equipes técnicas passaram a acompanhar dados de saúde em todo o país e apoiar ações de combate à comercialização de bebidas adulteradas.
Segundo o Ministério da Justiça, o episódio foi classificado como “gravíssimo” pelo ministro Ricardo Lewandowski, que determinou prioridade nas investigações. A Polícia Federal instaurou inquéritos e executou ações como a Operação Alquimia, atingindo 24 empresas do setor sucroalcooleiro e distribuidoras de metanol em cinco estados. Amostras recolhidas seguem em análise no Instituto Nacional de Criminalística.
Além disso, a Receita Federal apreendeu 215 mil litros de bebidas clandestinas em operações em Fortaleza e Maringá. Já o Ministério da Agricultura realizou 137 fiscalizações, que resultaram na apreensão de 793 mil litros de bebidas irregulares e no fechamento de 22 estabelecimentos.
Situação epidemiológica e próximos passos
Entre 26 de setembro e 5 de dezembro, foram registradas 890 notificações de intoxicação por metanol no país, das quais 73 foram confirmadas e 788 descartadas. Outros 29 casos seguem em análise. No total, 22 óbitos foram confirmados, incluindo três em Mato Grosso. Outros nove seguem sob investigação.
Com o fechamento da Sala de Situação, o monitoramento volta ao fluxo rotineiro do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN). Segundo Padilha, apesar do encerramento da estrutura emergencial, o acompanhamento continua: “O cuidado permanece, e a vigilância segue sem qualquer interrupção”.
No estado, autoridades reforçam que a população deve evitar bebidas de procedência duvidosa e denunciar possíveis irregularidades. A recomendação segue válida enquanto as investigações federais avançam sobre a origem e a cadeia de distribuição das bebidas adulteradas.
Informações conforme dados do Ministério da Saúde.





















