A perda repentina de um emprego, a morte de um ente querido ou até mesmo a desilusão com um grande amor, são fatores que causam dor e impactam diretamente na vida de todo ser humano. Como saber se, de fato, esse momento difícil é de uma tristeza profunda ou se é um quadro de depressão? O presidente da Associação Mato-Grossense de psiquiatria, Carlos Pierotto, explica a diferença entre os dois e esclarece a verdade sobre a doença considerada o mal do século. “Entender a diferença entre as duas é fundamental para procurar ajuda”, afirma.
Carlos Pierotto explica que a tristeza é um sentimento momentâneo e muitas vezes desencadeado por algum fator externo como a perda de um emprego, uma briga conjugal, um descontentamento com as amizades e qualquer outro fator que possa influenciar no humor daquela pessoa. A tristeza tende a durar de um a três dias e não prejudica a funcionalidade no trabalho e nos estudos.
Já a depressão geralmente dura mais de duas semanas e tende a piorar com o tempo. Ela traz prejuízo funcional, prejudica o ambiente familiar, profissional e muitas vezes o convívio social e apresenta sintomas como a falta de perspectivas e de prazer pela vida. Ela não tem relação direta com o ambiente.
De acordo com profissional, a doença atinge maioria homens entre adolescentes e idosos. Ele afirma ainda que é preciso estar atento aos fatores de risco como: Doenças mentais, doenças clínicas crônicas, eventos adversos na infância e adolescência, história familiar e genética, além de fatores sociais.
A depressão, assim como qualquer outra doença, exige tratamento medicamentoso e acompanhamento psicológico. A doença apresenta quadros leves, moderados e intensos. Um fator que pode agravar a situação é quando uma pessoa possui um quadro leve de depressão e, ao não identificar o real problema, ela acredita que os momentos depressivos são apenas uma “fase ruim” e não buscam tratamento adequado, podendo assim agravar a doença.
Alguns fatores são importantes para evitar que a pessoa desenvolva um quadro de depressão. Um bom suporte familiar, laços sociais bem estabelecidos com os amigos, ter uma fonte de renda, capacidade de resolução de problemas e auto estima elevada são alguns deles.
Pensamento suicida
Não há estatísticas sobre pensamento suicida, ele é muito mais frequente do que se imagina, pois nem sempre esse pensamento é declarado às pessoas próximas, seja por medo de não ser compreendido ou por receio dos julgamentos. Ele aparece com mais frequência entre pessoas com algum tipo doença mental, em especial a depressão.
A palavra suicídio (etimologicamente vem do latim sui = si mesmo; caedes = seu assassinato, ação de se matar); significa morte intencional auto-infligida, isto é, quando a pessoa, por várias razões, decide tirar sua própria vida.
Ao contrário do que se possa pensar, a depressão não é uma doença da modernidade. Há aproximadamente 400 AC, Hipócrates, considerado o pai da medicina, descreveu sobre seis doenças mentais, entre elas a depressão.
Estatísticas
Todos os anos, cerca de 800 mil pessoas morrem por suicídio em todo o mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). A cada 40 segundos, uma pessoa morre por suicídio, sendo essa a segunda principal causa de morte entre pessoas de 15 e 29 anos e sua frequência é três vezes maior entre o público masculino.
O suicídio é a primeira causa de morte não natural em vários dos países mais desenvolvidos. Nos Estados Unidos, por exemplo, são registrados por ano mais suicídios do que mortes por acidentes de trânsito.
CVV
O CVV (Centro de Valorização da Vida) realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar – sob total sigilo – por telefone, email, chat e Skype 24 horas todos os dias.
A pessoa pode conversar com um voluntário do CVV ligando 188. Em Cuiabá há também a opção pelo telefone (65) 3321-4111. Os dois canais funcionam 24h.