Por Chico Oliveira
Antes de contar uma história qualquer, das tantas repetidas em muitas famílias para exemplificar e confirmar que nosso país é socialista, digo para contextualizarmos a Constituição de 88, já que a maioria dos congressistas queriam fazer algo o mais “frouxo” possível, haja vista que saíamos de uma ditadura de 28 anos.
A verdade é que de lá para cá, quando uma jovem engravida no Brasil um ciclo de assistencialismo obrigatório sufocante ao Estado inicia. Esta moça tem atendimento garantido no sistema único de saúde (SUS) desde as primeiras consultas, pré-natal e até o parto, tudo, absolutamente tudo, é feito em hospitais públicos.
Em países verdadeiramente capitalistas, isso não acontece gratuitamente. Por isso, é tão comum em filmes americanos jovens se desesperarem realmente quando surge uma gravidez indesejada, simplesmente porque lá não existe gratuidade em nada aqui mencionado até agora. Não deixando de fazer a ressalva que falamos do país mais rico do mundo.
Por aqui, após o nascimento de uma criança no Brasil os jovens pais, caso sejam minimamente informados ou recebam orientação devida, ganham automaticamente uma casa no Programa “Minha casa, Minha vida”. Caso tenham uma renda um pouco mais elevada, enquadram-se em financiamentos, até do mesmo programa, com subsídios embutidos do Governo e facilidades financeiras praticamente de pai pra filho, algo inquestionavelmente sintomático de um país socialista.
Seguindo o enredo, quando essa criança atinge a idade de quatro anos ela começa a frequentar a creche, que é uma instituição de abrigo a estas crianças com toda gama de profissionais e alimentação regulada por rigorosos nutricionistas criteriosamente bancados pelo dinheiro público. Neste tempo, se a renda familiar enquadrar-se nos critérios de avaliação social do Município em questão, a mesma família ainda pode ser contemplada com o benefício mensal do famigerado “bolsa família”.
Em regra, as constituições dos países mais desenvolvidos, patamar onde este que escreve imagina que queremos todos chegar, existia a garantia de educação da primeira série até o segundo grau. A universidade, a partir de então, é uma busca totalmente individual e meritocrática do indivíduo. No Brasil, a responsabilidade estatal contínua segue.
Esse jovem que fez o Enem e não conseguiu atingir índices de aprovação em uma universidade pública, não tem porque perder sono. Ele poderá pleitear programas sociais de bolsa integral ou meia bolsa de estudo para ingressar numa universidade público. Ou então, entrar no “fiadão” do Fies pra pagar algum dia se tudo der certo.
E quando chegar a hora de pagar o Fies, as coisas, quase sempre, estão difíceis. O mercado está concorrido, existe vários obstáculos no caminhos, mas a solução achada vem da memória de maneira elementar. Mesmo sem condições para isso, o nosso personagem se casa, engravida sua esposa, ganha sua casa no “Minha casa, Minha vida” e tudo isso se repete numa nova geração dessa grande família.
Tais projetos inegavelmente contribuem para que o povo possua o mínimo, mas a verdade é que fazem com que o Brasil jamais venha ou possa ser chamado de uma nação de direita, de fato, algo que aplica-se a realidade atual. Portanto, é inútil esperar muito dos governos que aqui se instalam porque eles têm uma linha mestra a seguir. No Brasil, a melhor filosofia possível é a conclusão da melhora individual, onde fazendo seu trabalho de maneira empenhada, aperfeiçoando a si próprio e tentando ser o melhor possível, como profissional e como cidadão, o cidadão oferece ao menos um pouco de oxigênio ao seu país.
Chico Oliveira é analista político e diretor do NMT