A equipe da Rede Amazônica flagrou, na noite desta sexta-feira (23), um paredão de fogo que se estendeu por mais de 100 metros. A vegetação seca e o vento ajudavam as labaredas a se espalharem por uma área equivalente a 10 campos de futebol no município de Senador Guiomard, a 24 quilômetros de Rio Branco.
O fogo durou cerca de 4 horas e ao poucos foi perdendo força e foi extinto ainda na noite de sexta.
A maior parte dos incêndios acontece justamente no período da noite por conta da precariedade da fiscalização. Em muitas regiões, O Corpo de Bombeiros não consegue ter acesso ou chegar a tempo.
Quem precisa conviver com as constantes queimadas reclama da falta de fiscalização e até punição para quem comete o crime ambiental.
“Todo ano acontece esse tipo de coisa aqui, só que a gente não consegue detectar quem é o responsável, mas todo ano é a mesma coisa e ninguém é punido. A gente tem que se reunir e tentar apagar o fogo e as pessoas, que se dizem fiscais para fiscalizar, nunca aparecem para fazer nada, não notificam ninguém”, reclama Francisco Barroso, que acompanhava atento o avanço das chamas pela área vizinha a sua casa.
O filho dele, Alife Pereira diz que não tem muito o que ser feito e que o tempo seco ajuda que fogo se espalhe com facilidade.
“Infelizmente todo ano é assim. Nesse tempo seco, pega fogo e a gente fica atento pra prevenir que não passe para as outras terras, tenta apagar, porque nunca se sabe. Mas, começa a anoitecer e começa a pegar fogo nessa região”, reclama.
De acordo com a Secretaria do Meio Ambiente, o número de queimadas aumentou consideravelmente no Acre, se comparado ao ano passado. De janeiro até 22 de agosto do ano passado, foram registradas 852 queimadas. Este número saltou para 2.498 entre janeiro até 20 de agosto deste ano – um aumento de mais de 190%.
Se considerados apenas os dias de agosto o acréscimo é relevante. De 1º a 22 de agosto de 2018, foram 408 focos de queimadas, que subiram para 2.123, aumentando em mais de 400% o número de registros.
Na sexta, o governo decretou estado de emergência devido às queimadas para reforçar as ações de combate e fiscalização.
“Nós vamos levar essa demanda para o governo federal para que possamos aportar recursos para o nosso estado e pra fazer aquisição de brigadas, de materiais de combate aos incêndios florestais e aumentar o número de contingente no nosso estado”, alegou o secretário de Meio Ambiente do estado, Israel Milani.
A Amazônia Legal, que inclui 8 estados e parte do maranhão, teve aumento de 110% no número de queimadas, de janeiro até agora. Foram mais de 56 mil focos de incêndio contra 26.609 no mesmo período do ano passado. Os estados com mais queimadas são Mato Grosso (14.640), Pará, (10.258) e Amazonas (7.294).