Óbitos aumentam 4,6% no Brasil em 2024, e maio se torna o mês mais letal do ano, aponta IBGE

Brasil registra alta de 4,6% nos óbitos em 2024 e maio se torna o mês mais letal, aponta IBGE. Mortes por causas naturais e externas seguem pressionando o país.

Fonte: CenárioMT

O mês de maio foi o mês com mais mortes no ano

O Brasil registrou alta de 4,6% nos óbitos em 2024, conforme os dados oficiais das Estatísticas do Registro Civil divulgadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) — única fonte primária da informação. O total de mortes chegou a 1.516.381 registros, dos quais 1.495.386 ocorreram efetivamente em 2024 e foram contabilizados até o 1º trimestre de 2025.

O número representa 65.811 óbitos a mais do que em 2023 e marca a retomada de crescimento após dois anos de relativa estabilidade.

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Um dos pontos mais relevantes revelados pelo IBGE é a mudança no padrão sazonal da mortalidade: maio foi o mês com mais mortes no ano, totalizando 134.602 óbitos. O valor supera inclusive os tradicionais picos de dezembro (133.141) e janeiro (132.143).

Especialistas ouvidos pela reportagem do CenárioMT destacam que o comportamento atípico pode refletir:

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  • Circulação ampliada de vírus respiratórios em um período historicamente mais ameno no país;
  • Efeito acumulado de doenças crônicas e síndromes gripais após meses de maior incidência;
  • Impactos climáticos regionais, especialmente quedas bruscas de temperatura em maio de 2024, já documentadas por serviços meteorológicos.

Embora o IBGE não explique os motivos em seu relatório, o padrão exige atenção, pois altera a dinâmica tradicional dos ciclos de morbimortalidade no Brasil.

Alta nacional consolida pressão sobre o sistema de saúde

Entre 2022 e 2023, os óbitos haviam se mantido relativamente estáveis. Mas o crescimento de 2024 acompanha:

  • o envelhecimento populacional,
  • a expansão das doenças crônicas (cardiovasculares, câncer, diabetes),
  • e os efeitos acumulados do período pós-pandemia sobre a saúde pública.

Segundo especialistas consultados pelo CenárioMT, o dado reforça que “o Brasil já é um país estruturalmente envelhecido, mas ainda não adaptou sua rede de atenção primária e especializada à nova realidade”.

Sobremortalidade masculina continua elevada

A diferença entre homens e mulheres segue como uma das marcas mais graves dos indicadores nacionais. No Brasil:

  • 85.244 homens morreram por causas externas (acidentes, violência, afogamentos)
  • contra 18.043 mulheres

Ou seja, homens morreram 4,7 vezes mais nessas circunstâncias.

Em faixas etárias de maior violência — 15 a 29 anos — a diferença chega a 7,7 vezes.

Óbitos ocorridos no ano e registrados, e variações percentuais, segundo a faixa etária

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O padrão revela impactos diretos sobre:

  • expectativa de vida,
  • previdência social,
  • dinâmica familiar,
  • e desigualdades de gênero no país.

Óbitos fetais recuam 7,8%, mas permanecem elevados

Apesar da alta geral, o Brasil registrou queda de 7,8% nos óbitos fetais:

  • 20.967 casos em 2024,
  • contra 22.740 em 2023.

Em Mato Grosso, foram 439 óbitos fetais, sendo 93 na Região Metropolitana de Cuiabá.

Especialistas pontuam que, embora a redução seja positiva, o índice segue alto e evidencia desafios como:

  • dificuldade no acesso ao pré-natal;
  • falhas em vigilância epidemiológica;
  • desigualdades regionais na assistência materno-infantil.

Onde as pessoas morrem no Brasil e em Mato Grosso

O IBGE também revelou a distribuição dos óbitos por local. Em MT, padrão semelhante ao nacional:

  • 70,70% dos óbitos ocorreram em hospitais
  • 16,76% em domicílios
  • 3,94% em vias públicas

As mortes violentas seguem concentradas entre homens:

  • 1.864 óbitos masculinos por causas externas
  • contra 352 femininos
  • proporção 5,3 vezes maior

A alta de 4,6% não é apenas estatística: ela aponta para transformações profundas no perfil de saúde pública do país. O Brasil se encontra diante de:

  • uma população mais idosa,
  • maior carga de doenças crônicas,
  • e eventos sazonais que começam a fugir da curva histórica.

A presença de maio como o mês mais letal é um sinal de que a vigilância epidemiológica precisa ser reforçada para entender novos padrões de risco.

Os dados do IBGE mostram que 2024 foi um ano de mortalidade elevada no Brasil, com mudanças importantes no comportamento sazonal e persistência de vulnerabilidades estruturais — especialmente entre homens jovens.

Embora haja avanços, como a queda dos óbitos fetais, o cenário exige:

  • políticas contínuas de prevenção,
  • fortalecimento da atenção primária,
  • e ações específicas para grupos de risco.

Monitorar os próximos ciclos será fundamental para entender se o pico de maio representa uma tendência emergente ou um desvio pontual.

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Rodrigo Lampugnani, formado em Ciência da Computação, é fundador do CenárioMT. Inovador no jornalismo digital. Rodrigo Lampugnani é especializado em notícias do Agro, futebol, astrologia e cobertura regional de Mato Grosso. Produz análises esportivas, horóscopos diários e reportagens locais com foco no desenvolvimento do Estado.