Quantas pessoas negras em cargos de liderança você conhece? Essa pergunta, direta e reflexiva, é o ponto de partida de uma importante campanha de combate ao racismo institucional promovida pelo Ministério Público Brasileiro, lançada no dia 19 de novembro.
A iniciativa, articulada pelo Conselho Nacional dos Procuradores-Gerais do Ministério Público dos Estados e da União (CNPG), conta com a participação de estados como Bahia e Mato Grosso, destacando a urgência do debate sobre desigualdade racial no Brasil.
De acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o mercado de trabalho brasileiro ainda reflete profundas desigualdades étnico-raciais, funcionando muitas vezes como um espaço de reprodução da exclusão.
Isso também pode te interessar: Empreendedores negros impulsionam a economia de Mato Grosso
A campanha, que se insere nas atividades do “Novembro Negro”, reforça que “não existe igualdade sem oportunidade” e busca conscientizar a sociedade sobre a importância da diversidade étnico-racial nos espaços de decisão e poder. Por meio de peças publicitárias como VTs, spots e outdoors, a ação também visa mobilizar a população contra a “violência silenciosa” que impede a ascensão de pessoas negras a posições de liderança e melhores salários.
Até o dia 30 de novembro, a campanha será amplamente divulgada em plataformas digitais, rádios, TVs e outros meios, reforçando a mensagem de que a diversidade é um elemento indispensável para uma sociedade mais justa e igualitária. Confira abaixo a realidade de Mato Grosso, estado que lidera em concentração de pessoas negras no Centro-Oeste, e como a campanha contribui para o combate ao racismo.
Realidade de Mato Grosso e combate ao racismo institucional
Mato Grosso, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), possui a maior concentração de pessoas negras na região Centro-Oeste, representando 65,9% da população estadual. No entanto, apesar de sua representatividade, os dados refletem a desigualdade nos espaços de poder.
No Ministério Público Estadual de Mato Grosso (MPMT), apenas 27,69% dos integrantes se autodeclaram negros, sendo 2,89% pretos e 24,80% pardos.
Entre os membros do Ministério Público, como promotores e procuradores de Justiça, o cenário é ainda mais restrito: dos 96 profissionais que se autodeclaram negros, 34,58% são pardos e apenas 1,50% são pretos.
Esse levantamento, realizado em agosto do ano passado, reforça a importância de ações como a campanha do Ministério Público Brasileiro para ampliar a diversidade racial nos cargos de liderança.
Diversidade étnico-racial e igualdade de oportunidades
A campanha promovida pelo Ministério Público não apenas chama atenção para as desigualdades estruturais, mas também busca fomentar o debate sobre a necessidade de igualdade de oportunidades.
A frase “não existe igualdade sem oportunidade” evidencia que a luta contra o racismo institucional passa por garantir acesso e inclusão em todos os níveis da sociedade.
Com a participação de estados como Mato Grosso, a campanha destaca que a mudança começa com a conscientização e a mobilização coletiva.
Além disso, ela incentiva instituições públicas e privadas a reverem suas práticas, promovendo ambientes mais inclusivos e representativos. A valorização da diversidade é essencial para o avanço social e econômico, contribuindo para a construção de um país mais justo para todos.