Mato Grosso tem 147 técnicos, enfermeiros e auxiliares em observação por causa do coronavírus. Desde o início da pandemia, dois profissionais da linha de frente morreram. Alessandra Barbara, 49 anos, e Athaide Celestino da Silva trabalhavam no Centro Integrado de Assistência Psicossocial Adauto Botelho (Ciaps) em Cuiabá.
Colegas dos enfermeiros que morreram por Covid-19 denunciaram a falta de equipamento de proteção individual (EPI). Desde então, o Conselho Regional de Enfermagem de Mato Grosso (Coren-MT) tem reforçado a fiscalização.
Nesta semana, a Órgão notificou as Prefeituras de Rondonópolis e de Barra do Garças, pois encontrou profissionais de enfermagem trabalhando sem itens básicos. Vistoria feita pelo Coren no Centro de Especialidades Albert Sabin (Ceadas) constatou que não havia máscaras cirúrgicas em quantidade suficiente, o que obrigou muitos trabalhadores a reaproveitar o material. Isso que é proibido pelas autoridades sanitárias.
Uma das profissionais abordadas pelo conselho relatou que usava a mesma máscara há dias. No local, não havia também exemplares do modelo N95. A falta destes produtos foi constatada ainda em outras oito unidades básicas de saúde da cidade. Em alguns casos, estavam sendo usadas máscaras de tecido, indicadas para uso doméstico.
As denúncias ao Coren-MT sobre problemas com EPI em Rondonópolis atingiram o pico no último domingo (18), quando a fiscalização recebeu diversas reclamações pelo telefone e pelas redes sociais.
Procurado, o Departamento de Atenção à Saúde da Prefeitura Municipal alegou atraso na entrega dos produtos, que teriam sido já adquiridos por meio licitação. A mesma resposta foi dada pela Prefeitura ao conselho na manhã desta segunda (20), após a notificação.
Desde março, o Coren-MT fiscaliza as unidades especificamente para levantar os riscos à saúde dos profissionais no contexto da pandemia do novo coronavírus. Ao todo, 40 notificações por irregularidade já foram emitidas e a baixa qualidade dos EPIs está entre os principais problemas.
Segundo as Notas Técnicas 04/2020 e 07/2020, da Anvisa, as máscaras cirúrgicas são obrigatórias na triagem de pacientes com sintomas respiratórios, na triagem preliminar de profissionais da saúde e em áreas de assistência, como quartos, consultórios e Centro de Material e Esterilização (CME).
Máscaras de modelo N95/PFF2, juntamente com óculos de proteção, gorro descartável, avental e luvas, são indicadas para áreas como os quartos e boxes onde há contato direto com pacientes confirmados ou suspeitos de Covid-19. Máscaras de tecido não devem ser utilizadas por profissionais que estejam em assistência a pacientes.