Homem, nome não revelado, acusado de estuprar a própria filha, é preso pela Polícia em Cuiabá. A menina, hoje com 8 anos, foi morar com o pai quando tinha 6 anos, deixando um abrigo, e os abusos sexuais logo começaram. As informações foram confirmadas pelo delegado titular da Delegacia Especializada de Defesa da Mulher, Criança, Adolescente e Idoso, Ugo Ângelo Reck de Mendonça, em coletiva à imprensa na manhã desta segunda-feira (20).
O delegado relatou que no momento da prisão foi constatado que o acusado já se preparava para fugir, pois tinha conhecimento de que a polícia estava investigando o caso. E por se tratar de um homem sem vínculos tanto no município, quanto no estado todo, seria fácil para ele (pedófilo) “desaparecer”, inclusive esse foi um dos argumentos da polícia para convencer a Justiça a emitir o mandado de prisão.
Durante interrogatório na unidade policial, o pai tentou responsabilizar a criança pelas violências sexuais, dizendo que a menina, desde os 6 anos de idade, o procurava e “se esfregava nele”.
“Ele não é natural da cidade, nem do estado, não tem raízes, então as chances de fugir eram grandes. Ele foi interrogado, filmado, alertado do direito ao silêncio e que ele podia colaborar. Acabou comentando sobre alguns abusos e tentou jogar a responsabilidade na criança, disse que ela o procurava, que se esfregava nele”, explicou o delegado.
O estuprador foi autuado por crime de estupro de vulnerável e com todos os agravantes do caso. A pena pode chegar a 15 anos de prisão, segundo explicou o delegado.
“O inquérito será concluído em até 10 dias, e temos bastante provas, só falta fechar alguns depoimentos e concluir. A versão confere com a da criança”.
Questionado sobre as evidências e provas, Ugo afirmou que foi constatada a “ruptura antiga do hímen” da criança, que por si só já deixa incontestável que os abusos aconteceram. No entanto, o delegado acrescentou que após as denúncias várias perícias foram feitas, buscas, testemunhas ouvidas, de tal forma que evidências comprovam o crime.
“Depois da denúncia, fizemos várias diligências, perícias e confirmamos ruptura himenal já antiga, o que torna incontestável a situação do abuso. Com apoio do Poder Judiciário e do Ministério Público conseguimos fazer a prisão na sexta-feira”, disse o delegado.
Sobre a guarda da criança, foi explicado que a menina pode ficar com os cuidadores atuais, porém, o delegado não confirmou se os guardiões da criança são familiares ou não.
Em seguida, Ugo alertou sobre os cuidados para que possa ser evitado que outras crianças sofram com esse tipo de crime: “Conversem com seus filhos, cuidem de quem fica em suas casas, observem o comportamento da criança, porque infelizmente são muitos casos de abuso na região”.
Entenda o caso
A criança foi criada pela mãe, que à época era alcoólatra, até os seis anos de idade morando em um abrigo com os outros irmãos. A família teria se mudado para a casa de apoio após a mulher descobrir que os outros filhos já haviam sido abusados pelo parceiro com quem vivia anteriormente.
Aos seis anos a menina saiu do abrigo e foi morar com o pai, quando os abusos teriam começado. Com o passar do tempo a vítima passou a ser criada por outros cuidadores e por determinados momentos diziam que ela teria que voltar a conviver com o pai, momentos em que a menina chorava muito, tremia e colocava a mão entre as pernas, dando sinais evidentes do que teria acontecido.
Com calma e paciência, os responsáveis pela criança conseguiram que a menina, do jeito dela, contasse alguns dos abusos que o pai cometeu contra ela. A partir daí houve a denúncia e começaram as investigações.