Um total de 8.544 bebês que nasceram em Mato Grosso em 2020 são filhos de adolescentes e de meninas com apenas 10 anos de idade, de acordo com dados da Secretaria Estadual de Saúde (SES).
Mas, assim como o número de nascimentos gerais, o levantamento o aponta queda nos nascimentos de bebês de mães adolescentes, em comparação com o ano anterior.
Em 2019, de acordo com a SES, 9.403 bebês nascidos em Mato Grosso eram de mães entre 10 e 19 anos.
A gravidez e maternidade na adolescência preocupa os especialistas, não só pela falta de maturidade física e psicológica das gestantes, mas também por serem vítimas de abuso sexual e pela rejeição da própria família.
Uma dessas adolescentes, que preferiu não se identificar, se tornou mãe aos 15 anos. Para ela, a ajuda da família foi fundamental nesse momento.
“Não era uma coisa que eu esperava que ia acontecer, até porque eu sou muito nova e foi um choque muito grande pra mim. Ao mesmo tempo, pensei pelo lado positivo porque querendo ou não um bebê é uma vida e vai trazer muita alegria para mim, amadurecimento e foi muito bom. Eu mudei bastante por conta dele”, afirma.
A gravidez na adolescência é considerada pelos médicos até os 19 anos de idade.
Na unidade de saúde Bela Vista, as mães adolescentes recebem um atendimento especial. Elas são orientadas e ouvidas.
A enfermeira obstetra Oriana de Carvalho disse que muitas vezes a adolescente não consegue conversar sobre a gravidez com os pais. “Essa abertura do acolhimento de uma consulta com o tempo adequado e com uma comunicação efetiva faz toda a diferença”, afirma.
A maioria dos casos de gravidez na adolescência não é planejado.
Para a enfermeira, é preciso que elas tenham também o apoio e cuidado da família.
“O acolhimento para a adolescente faz toda a diferença. Ela não ser julgada, não ser punida por aquela situação, não ser ‘escanteada’ porque ela já tem tudo isso na sociedade ou na comunidade em que ela vive”, avaliou.
A pediatra Alda Elizabeth Iglesias Azevedo, que atende no Hospital Universitário Júlio Müller, em Cuiabá, explica que muitas mães adolescentes têm baixa escolaridades e vivem em situação de vulnerabilidade.
“O Código Penal diz que abaixo de 14 anos é considerado estupro, é considerado violência mesmo que seja com conivência. Às vezes a menina de 12 ou 13 anos tem um namorado de 15 ou 16 anos. A gente precisa ver as diferenças de idade ou se teve uma relação violenta e não quer contar. Cada caso é um caso, abaixo dos 14 anos”, afirma.