A Operação Gomorra, deflagrada nesta quinta-feira (07) pelo Núcleo de Ações de Competência Originária (Naco) — um grupo formado pelo Ministério Público do Estado de Mato Grosso e pela Polícia Judiciária Civil —, tem como alvo uma organização criminosa acusada de fraudar licitações em diversas prefeituras do estado, incluindo a de Lucas do Rio Verde. A ação resultou no cumprimento de seis mandados de prisão temporária e 11 de busca e apreensão, envolvendo 70 policiais civis entre investigadores e delegados.
A operação investiga fraudes que envolvem adulteração de notas fiscais, utilização de “cartão coringa” para desvio de combustível e sobrepreço em contratos. De acordo com o Naco, o esquema é liderado por um núcleo familiar que controla quatro empresas suspeitas, entre elas a Centro América Frotas Ltda., que teria firmado contratos com mais de 100 prefeituras e câmaras municipais nos últimos anos.
Entre os municípios citados na relação divulgada pelo Ministério Público Estadual, Lucas do Rio Verde é um dos que aparecem nas investigações. A prefeitura local teria contratado a empresa Centro América Frotas para prestação de serviços no valor de R$ 146,5 mil. Segundo fontes ligadas à operação, os contratos dessa empresa são suspeitos de apresentar irregularidades, como preços superfaturados e favorecimento em processos licitatórios.
A investigação aponta que o esquema envolve contratos de fornecimento de veículos, sistemas de gestão de frotas e até serviços hospitalares. A empresa Centro América Frotas, ao lado de outras controladas pelo mesmo grupo familiar, teria movimentado mais de R$ 1,8 bilhão em contratos nos últimos cinco anos. Entre os nomes sob investigação, destaca-se Edézio Correa, apontado como figura central da organização e réu colaborador na Operação Sodoma, deflagrada em 2015 durante a gestão do ex-governador Silval Barbosa.
A operação desta quinta-feira também resultou na prisão de vários familiares de Correa, incluindo sua esposa, irmã e sobrinhos. Documentos apreendidos sugerem que movimentações financeiras suspeitas entre as empresas investigadas foram utilizadas para desviar recursos públicos. A análise preliminar dos processos licitatórios da prefeitura de Barão de Melgaço — que desencadeou a operação — indicou a participação das empresas em fraudes sistemáticas para obter vantagens indevidas.
Segundo o Naco, novas fases da Operação Gomorra não estão descartadas, já que a apuração está em andamento e pode se expandir para outras prefeituras que também mantiveram contratos com as empresas do grupo investigado.
Nota oficial
No início da tarde desta sexta-feira (08) a Prefeitura de Lucas do Rio Verde informou ter tomado conhecimento, por meio da imprensa, da Operação Gomorra que investiga supostas fraudes em processos licitatórios envolvendo mais de 100 prefeituras do estado.
“A Administração Municipal esclarece que possui um contrato vigente com uma das empresas mencionadas na operação. Mesmo mantendo um processo interno de fiscalização rigorosa, ao tomar ciência dos fatos, a Prefeitura imediatamente revisou o contrato e não identificou qualquer indício de irregularidade. Caso alguma fraude seja comprovada, serão adotadas as medidas administrativas necessárias”, informa a nota.
“A Prefeitura de Lucas do Rio Verde reforça seu compromisso com a transparência e assegura total apoio às autoridades para o esclarecimento dos fatos”, conclui.