Pelo menos quatro ataques de piranhas foram registrados nas últimas semanas no Lago do Manso, que pertence ao município de Chapada dos Guimarães (64 quilômetros de Cuiabá). De acordo com a Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema), por conta do baixo ou nenhum movimento de água, o local é propício para ao desenvolvimento do peixe, que ganhou fama de predadora dos rios.
O biólogo Davi Soares explica que os casos de ataque de piranhas ocorrem principalmente por proteção de território. “Na região do Manso era um rio e não tinha local pra elas ficarem. A quantidade está acima do que deveria estar e isso pode ser preocupante, pois elas podem aumentar ainda mais o número de indivíduos nos próximos anos”, alerta. Para ele, uma alternativa seria diminuir a população dos peixes com pesca direcionada, além da verificação dos principais pontos de reprodução.
Conforme a Sema, estes peixes normalmente são atraídos por sons de frutas e sementes que caem de árvores e batem na água. Eventualmente, poderão haver ataques a pessoas ou animais e, para que isso ocorra a piranha precisa de um chamariz. Diante deste cenário, a Pasta orienta a população que evite hábitos como jogar comida, entrar na água com qualquer lesão não cicatrizada no corpo (segundo relatos, a piranha percebe uma gota de sangue em aproximadamente 200 litros de água) ou mesmo urinar, pois são ações que poderiam atrair a atenção desses peixes.
Os primeiros registros de ataques no Lago do Manso aconteceram em 2011. Na época, uma equipe de analistas de meio ambiente da Coordenadoria da Fauna e Recursos Pesqueiros, com biólogos e veterinário, fizeram uma visita técnica na área do reservatório.
O regime hidrológico da área possui duas épocas distintas: seca (abril – agosto) e chuvosa (setembro – março). Construído com função de aproveitamento múltiplo da água que é utilizada para geração da energia elétrica e pela regularização do nível das águas do rio Cuiabá e, consequentemente utilizado para o desenvolvimento do ecoturismo na região, o que permite passeios náuticos e possui formação de prainhas para banhistas.
De acordo com relatório produzido após a inspeção, na área que corresponde ao reservatório do Manso ocorre a presença de três espécies de piranhas: (Serrasalmus maculatus, S.marginatus e Pygocentrus nattereri). A prática da ceva, possivelmente influencia indiretamente no crescimento da população de piranhas por promover a aglomeração de espécimes de peixes que podem servir como alimentos para elas, consequentemente haverá também a concentração desses indivíduos nesses locais.
Considerando que o reservatório é utilizado para a prática de recreação aquática, foi recomendado fazer uma sinalização aos usuários sobre a incidência de piranhas no local, para evitar o desconforto de eventual mordedura. Esta sinalização pode ser feita com placas ou mesmo folhetins informativos, além da informação verbal, sobretudo em locais onde há maior concentração de banhistas.