A Polícia Civil concluiu o inquérito sobre a morte da empresária Rosemeire Soares Perin, 52 anos, ocorrido em Várzea Grande no dia 16 de fevereiro deste ano, com indiciamento de duas pessoas envolvidas no crime. O inquérito da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa de Cuiabá (DHPP) foi remetido ao Poder Judiciário, em Várzea Grande.
O delegado Caio Fernando Albuquerque indiciou um homem de 33 anos, pelos crimes de roubo seguido de morte (latrocínio) e ocultação de cadáver. O outro envolvido de 29 anos, foi indiciado nos crimes de ocultação de cadáver, resistência à prisão e tráfico de drogas.
A investigação sobre a morte da empresária contou com a colaboração das equipes dos delegados Fausto Freitas e Marcel Oliveira.
Rosemeire Perin desapareceu no dia 16 de fevereiro, após sair de sua casa no bairro Dr. Fábio, em Cuiabá, para entregar mercadorias em Várzea Grande. O corpo dela foi localizado dois dias depois na estrada da Guarita, enrolado em lençóis e numa lona plástica.
Responsável pelo Núcleo de Pessoas Desaparecidas da DHPP, o delegado Fausto Freitas informou que a equipe da delegacia trabalhou a partir do registro da ocorrência de desaparecimento da empresária para esclarecer o que ocorreu com a vítima desde que ela saiu de casa para trabalhar, em seu veículo, um HB20, na terça-feira (16), do bairro Dr. Fábio, na Capital, e não deu mais notícias aos familiares.
A equipe do NPD realizou diligências, ouviu familiares e levantou informações. Na quinta-feira à tarde, a delegacia recebeu informação de que o corpo da empresária estava próximo a um barranco, na estrada da Guarita, em Várzea Grande.
Morte
Ela trabalhava há mais de 10 anos com a venda de produtos e embalagens para festas, máquina de sorvetes e outros equipamentos do ramo. Na terça-feira, 16 de fevereiro, foi até Várzea Grande para entregar produtos que o autor do crime havia adquirido e também cobrar uma dívida.
A vítima já tinha uma relação de comerciante e cliente com o suspeito, cuja família trabalhava há dez anos com a venda de sorvetes. Em março de 2020, o suspeito comprou uma máquina de sorvete de Rosemeire no valor de R$ 7 mil, que posteriormente apresentou problema e precisou passar por manutenção, que ela mesma realizou.
Do valor da manutenção da máquina, com a qual vendia sorvete em um supermercado, ele ficou devendo uma parte, e depois comprou mais um equipamento, um batedor de milk shake, e embalagens.
O homem de 33 anos deu um golpe que deixou Rosemeire desacordada. Depois ele a amarrou a vítima com fita adesiva e a amordaçou. Passado um tempo, ela despertou e, segundo o suspeito declarou, ele pegou uma faca de cozinha e golpeou o pescoço da vítima. Depois de cometer o crime dentro do quarto, conforme apontou levantamento da Perícia Oficial, o suspeito procurou um parente e pediu ajuda, mas não conseguiu.
Ocultação do corpo
O autor confesso do crime procurou então, a ajuda de outra pessoa, com quem já havia trabalhado em um lava-jato, para ocultar o corpo de Rosemeire. Por volta das 22h da terça-feira, 16 de fevereiro, eles voltaram à quitinete, enrolaram o corpo em um lençol, uma lona e um edredom, e depois seguiram até a região da estrada da Guarita, onde jogaram o cadáver em um barranco.
Em diligências na quinta-feira, dia 19/02, uma equipe do Batalhão da Rotam abordou o veículo que era conduzido pelo suspeito e com ele foi encontrada a carteira de habilitação da vítima. Conduzido à DHPP, em um primeiro depoimento ele deu informações contraditórias e negou. Depois, acabou confessando o que acreditou que seria um crime ‘perfeito’ e informou que recebeu ajuda de uma segunda pessoa.
O segundo suspeito, que deu apoio para o transporte e ocultação do corpo, foi detido ainda na quinta-feira, também por uma equipe da Rotam. Na delegacia, ele negou que tivesse cometido o crime, inclusive o tráfico de drogas pelo qual foi detido também em flagrante, e que não teve qualquer participação na ocultação do corpo de Rosemeire.
Contradições e provas
A investigação, baseada em inúmeras evidências, exames periciais e oitiva de testemunhas, concluiu que o autor do crime decidiu tirar a vida da vítima não apenas por ter ‘perdido a cabeça’ com a cobrança recebida por uma dívida que tinha com Rosemeire, como afirmou em depoimento. O conjunto de informações reunidas no inquérito aponta que ele, decidido a subtrair o veículo da vítima, um carro modelo HB 20, e percebendo o momento oportuno, não teve dúvidas em agir. Além disso, a apuração constatou ainda que a alegação dele, de que havia um vínculo de intimidade com a vítima. não se confirmou.
“Só que, para tanto, e até mesmo para não sofrer consequências criminais, o que confirmou em interrogatório, a matou em sua quitinete, com requintes de crueldade. Após, preparou todo o cenário para a ‘segura’ ocultação do cadáver, para o que contou com apoio do outro investigado”, explicou o delegado Caio Albuquerque.
A investigação apurou as alegações dadas pelo autor do latrocínio, que em um dos depoimentos assumiu o crime, mas informou que a vítima esteve no lava jato após entregar as mercadorias que ele havia comprado e que permaneceu no local aguardando a lavagem de seu veículo e que depois, ainda segundo ele, retornaram à quitinete dele para fazer a testagem do batedor de milk shake, quando então Rosemeire foi morta.
Testemunhas ouvidas pela DHPP negaram que a Rosemeire tenha estado no lava jato no dia em que morreu. Inclusive, uma delas informou à Polícia Civil que o autor do crime foi ao lava jato por três dias consecutivos para lavar o veículo, do qual ele se apossou após cometer o crime.
“O que constatamos e está nos autos, de forma coerente e objetiva, é a situação de uma mulher que, deslocando-se para a entrega de um maquinário e mercadoria, acabou caindo em uma verdadeira cilada, tendo seu veículo subtraído, seguido de sua morte e ocultação do cadáver”, concluiu o delegado.