Óbitos registrados após transferências chamaram atenção do órgão ambiental; caso mais recente envolve elefanta vinda da Argentina
O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) confirmou que está investigando as mortes de elefantes registradas no Santuário de Elefantes Brasil, localizado em Mato Grosso. Segundo o órgão, o número de óbitos ocorridos ao longo dos últimos anos motivou a abertura de apurações para avaliar as circunstâncias e as condições de manejo dos animais.
Entre 2019 e 2025, pelo menos quatro elefantes morreram em menos de um ano após serem transferidos para o local. O caso mais recente é o da elefanta africana Kenya, que morreu na última terça-feira (16), cerca de cinco meses depois de chegar ao santuário, após ser transferida de um zoológico da Argentina.

Em nota, o Ibama informou que, até o momento, não é possível afirmar se as mortes têm relação com maus-tratos, falhas no manejo ou condições pré-existentes de saúde. O órgão destacou, no entanto, que a recorrência dos óbitos não passou despercebida.
“O Ibama continuará acompanhando o caso e realizando as apurações pertinentes”, informou a autarquia ambiental.
Histórico de mortes no santuário
Além de Kenya, outros óbitos registrados nos últimos anos constam no histórico do local:
- Pupy, elefanta transferida do Ecoparque de Buenos Aires em abril de 2025, morreu em outubro do mesmo ano, aos 35 anos;
- Pocha, levada ao santuário em maio de 2022, faleceu em outubro do mesmo ano, aos 57 anos;
- Ramba, uma das primeiras elefantas acolhidas, morreu em dezembro de 2019, cerca de dois meses após a transferência, com idade estimada entre 60 e 65 anos.
Por outro lado, alguns animais permaneceram por períodos mais longos no santuário. A elefanta Guida viveu quase três anos no local, enquanto Lady permaneceu cerca de cinco anos antes de morrer, em 2024.
Atualmente, cinco elefantas asiáticas seguem vivendo no santuário: Maia, Rana, Mara, Bambi e Guillermina.
Fiscalização e avaliação técnica
De acordo com o Ibama, o santuário já passou por fiscalizações e apresenta área superior à exigida para zoológicos, além de cercas reforçadas, infraestrutura considerada adequada e equipe técnica formada por veterinários e biólogos.
O órgão também esclareceu que o termo “santuário” não existe formalmente na legislação ambiental brasileira, sendo apenas uma denominação informal. Do ponto de vista legal, o espaço é classificado como criadouro científico de fauna, conforme instrução normativa em vigor desde 2015.
Posicionamento do santuário
A entidade responsável pelo santuário não respondeu diretamente aos questionamentos da reportagem sobre a investigação. Após a repercussão do caso, publicou uma nota nas redes sociais informando que a elefanta Kenya apresentava alta probabilidade de tuberculose em estágio avançado, segundo dados preliminares de necropsia.
No caso da elefanta Pupy, o santuário afirmou que a doença não foi identificada.
Licenciamento e próximos passos
A Secretaria de Meio Ambiente de Mato Grosso, responsável pelo licenciamento da atividade, ainda não se manifestou sobre o caso. O Ibama reforçou que seguirá monitorando a situação e avaliando as condições de saúde, manejo e adaptação dos animais.
O episódio reacende o debate sobre os desafios no acolhimento de elefantes idosos, muitos deles com histórico de décadas em cativeiro, além da eficácia dos protocolos de adaptação e acompanhamento veterinário após a transferência para espaços considerados de reabilitação.






















