Municípios de Mato Grosso já convivem com um cenário em que idosos superam jovens, segundo estudo recente da UFMT. O levantamento, divulgado neste ano, identificou que várias regiões do Estado iniciam 2026 com proporções inéditas de envelhecimento populacional.
O estudo analisou indicadores demográficos dos 141 municípios e mostrou que a presença de pessoas com 60 anos ou mais cresce de forma contínua, embora em ritmos bastante diferentes. Essa heterogeneidade aparece tanto nas faixas etárias quanto nas transformações econômicas e sociais observadas entre cidades maiores e localidades pequenas.
De acordo com a pesquisa, em 2022 o Estado tinha 11,77% de pessoas idosas. As diferenças internas chamam atenção: enquanto Sapezal registrou apenas 4,51%, São José do Povo alcançou 26,16%. O Índice de Envelhecimento Populacional (IEP) acompanha essa variação e revela situações extremas, com municípios abaixo de 20 e outros acima de 150, evidenciando locais onde há mais idosos do que crianças e adolescentes.
As regiões Centro-Sul e Sudeste concentram os maiores bolsões de envelhecimento, conforme dados citados pela UFMT. Já áreas do Médio-Norte e parte do Noroeste ainda mantêm estrutura populacional mais jovem. Essa distribuição desigual ajuda a explicar por que algumas cidades enfrentam demanda crescente por serviços de cuidado, enquanto outras seguem impulsionadas por migração de trabalhadores mais novos.
A tendência local ocorre no mesmo momento em que o país passa pela mudança mais rápida de sua pirâmide etária. Informações divulgadas pelo Senado Federal indicam que o Brasil já apresenta faixas populacionais com mais idosos do que jovens, com projeções de forte expansão dessa parcela nas próximas décadas. Especialistas ouvidos pelos órgãos federais destacam que políticas públicas de saúde, mobilidade e assistência social avançam mais lentamente do que o necessário.
A Associação Médica Brasileira reforça que esse processo já alterou o perfil das doenças no país, com aumento de enfermidades crônicas como câncer, diabetes, hipertensão, AVC e condições neurológicas. Municípios que lideram o percentual de idosos, como apontado pela UFMT, tendem a enfrentar maior procura por atenção domiciliar, fisioterapia, acompanhamento contínuo e estruturas específicas de cuidado, ainda pouco presentes no interior.
Desigualdades internas e efeitos da migração
Outro fator que acelera o envelhecimento populacional é a queda da fecundidade. Segundo o estudo, a média de 1,9 filho por mulher já está abaixo do nível de reposição populacional. Ao mesmo tempo, movimentos migratórios internos reforçam o contraste: cidades agrícolas recebem trabalhadores em idade produtiva, enquanto municípios menores perdem jovens e veem aumentar a proporção de idosos.
Essa dinâmica aprofunda desigualdades regionais e impõe desafios distintos para cada município. Áreas que atraem jovens precisam ajustar infraestrutura urbana e serviços básicos para acompanhar o crescimento econômico, enquanto localidades mais envelhecidas são pressionadas a ampliar redes de atendimento voltadas ao cuidado contínuo.
O estudo da UFMT aponta que o envelhecimento acelerado deverá influenciar diretamente políticas públicas nos próximos anos, exigindo planejamento mais ajustado às transformações demográficas em curso.






















