A Organização Meteorológica Mundial (OMM), agência das Nações Unidas, emitiu um alerta preocupante sobre a persistência do fenômeno climático “El Niño“, responsável pelo intenso aquecimento na superfície dos mares do oceano Pacífico. De acordo com as previsões da OMM, o El Niño deve manter sua influência, resultando em temperaturas extremas e condições climáticas desafiadoras até pelo menos abril de 2024.
A agência destaca que a situação climática prevista para 2024 pode superar as adversidades registradas no ano atual, quando várias regiões do país experimentaram temperaturas recordes. Em Mato Grosso, por exemplo, o termômetro alcançou 44,6 graus até setembro, estabelecendo um recorde que remonta a 1911.
A OMM alerta para a expectativa de eventos extremos mais intensos, como ondas de calor, secas, incêndios florestais, chuvas intensas e inundações, que devem persistir até abril do próximo ano ou enquanto o El Niño continuar ativo.
Mesmo durante o inverno no Hemisfério Norte, a probabilidade de manutenção do El Niño é estimada em 90%, conforme apontado pela agência das Nações Unidas.
Cuiabá, no centro das atenções devido aos recordes de temperatura, pode enfrentar novos desafios, com previsões indicando a possibilidade de os termômetros atingirem 47 graus na próxima semana. O secretário-geral da OMM ressalta que o evento El Niño ainda está em desenvolvimento, sugerindo a continuidade das temperaturas recordes por meses, com impactos significativos no meio ambiente e na sociedade. A comunidade internacional é instada a se preparar para enfrentar os desafios climáticos decorrentes desse fenômeno persistente.
Entenda mais sobre o El Niño
Uma componente do sistema climático da terra é representada pela interação entre a superfície dos oceanos a baixa atmosfera adjacente a ele. Os processos de troca de energia e umidade entre eles determinam o comportamento do clima, e alterações destes processos podem afetar o clima regional e global.
El Niño representa o aquecimento anormal das águas superficiais e sub-superficiais do Oceano Pacífico Equatorial. A palavra El Niño é derivada do espanhol, e refere-se a presença de águas quentes que todos os anos aparecem na costa norte de Peru na época de Natal. Os pescadores do Peru e Equador chamaram a esta presença de águas mais quentes de Corriente de El Niño em referência ao Niño Jesus ou Menino Jesus.
Na atualidade, as anomalias do sistema climático que são mundialmente conhecidas como El Niño e La Niña representam uma alteração do sistema oceano-atmosfera no Oceano Pacífico tropical, e que tem conseqüências no tempo e no clima em todo o planeta.
Nesta definição, considera-se não somente a presença das águas quentes da Corriente El Niño mas também as mudanças na atmosfera próxima à superfície do oceano, com o enfraquecimento dos ventos alísios (que sopram de leste para oeste) na região equatorial.
Com esse aquecimento do oceano e com o enfraquecimento dos ventos, começam a ser observadas mudanças da circulação da atmosfera nos níveis baixos e altos, determinando mudanças nos padrões de transporte de umidade, e portanto variações na distribuição das chuvas em regiões tropicais e de latitudes médias e altas. Em algumas regiões do globo também são observados aumento ou queda de temperatura.