O titular da Delegacia Especializada em Delitos de Trânsito (Deletran), Christian Cabral, afirmou que o projeto do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) está ultrapassado. Segundo ele, o modal deveria ser projetado de forma elevada e não no nível das pistas que existem por Cuiabá e Várzea Grande, que já estão ‘estranguladas’. Além disto, afirmou que o custo para a implantação do projeto é grande, mas necessário. Além disto, ele deverá proporcionar uma redução nos custos que se tem com acidentes, pronto-socorro e seguros.
“Há muito tempo se discute em Cuiabá a continuidade do VLT, o custo disto. Ao analisarmos isto, temos que mensurar quanto custa para a Capital insistir nesta política de priorização do transporte individual de veículos automotores. Enquanto não enxergamos a necessidade de mudar a política de mobilidade urbana e investir no transporte coletivo de segurança e baixo custo, vamos continuar com um alto índice de acidentes, com custos gigantes para o poder público”, explica o delegado em entrevista.
Christian pontua que é preciso colocar na conta também o número de vidas que poderão ser poupadas com um transporte público de qualidade. “Se colocarmos na planilha quantos custam as vidas perdidas, lesões e deformidades sofridas, prejuízos materiais, transtornos gerados a economia, gastos com acionamento da segurança, saúde e seguro social, não tem limite de gasto”.
“Se alguém se machuca ou morre, para o Estado é menos uma arrecadação, uma pessoa para estar usufruindo do serviço do Estado. É um leito ocupado por uma pessoa que não precisaria estar lá. Se a pessoa morre, é uma despesa. Ela mesmo estaria contribuindo com o Estado, pagando seus impostos”, comenta o delegado.
Por fim, o delegado conclui que o projeto do VLT, como está, já seria ultrapassado para Cuiabá e Várzea Grande. “Estaria em passagem de nível, o que causa afunilamento das vias por onde passa. A solução hoje seria que fosse de forma elevada, para que pudéssemos manter ou aumentar o número de faixas. A avenida da FEB é um exemplo, já está saturada”.
VLT
Iniciada em agosto de 2012 e com mais de R$ 1 bilhão já aplicados para o “novo” modal de transporte coletivo de Cuiabá e Várzea Grande, os trilhos que guiariam o VLT nos dois municípios quase não existem, e os que já foram construídos estão se deteriorando, juntamente com os vagões que estão estacionados no Centro de Controle Operacional e Manutenção, localizado em Várzea Grande e que, por curiosidade, também está se definhando por falta de manutenção.
Parada desde dezembro de 2014, o projeto do Veículo Leve sobre Trilhos será composto por duas linhas (Aeroporto-CPA e Coxipó-Porto), com total de 22 km de trilhos e terá 40 composições, com 280 vagões. Cada composição tem capacidade para transportar até 400 passageiros, sendo 72 sentados.
Serão 33 estações de embarque e desembarque e três terminais de integração, localizados nas extremidades do trecho, além de uma estação diferenciada onde também poderá ser feita a integração com ônibus.
Estudo
O prazo do estudo técnico do Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT), cuja obra foi iniciada em agosto de 2012 e com mais de R$ 1 bilhão já aplicados, foi prorrogado por mais 120 dias pelo secretário nacional de Mobilidade Urbana e Serviços Urbanos, Ricardo Caiado de Alvarenga.
O estudo está sendo feito por um Grupo de Trabalho composto por vários órgãos, e comandado pela secretaria Nacional de Mobilidade Urbana, vinculada ao Ministério de Desenvolvimento Regional. A prorrogação ocorreu após nota técnica expedida pelos próprios órgãos do Ministério, documento que apontou a necessidade de mais prazo para a conclusão da análise sobre o modal.
“O problema que envolve o VLT é muito complexo. A obra foi financiada com recursos federais, tem dinheiro da Caixa Econômica Federal, por meio do FGTS, e está parada por conta da rescisão do contrato, mantida pela Justiça”, explicou o governador Mauro Mendes.
O governador também ressaltou que além da demora no término da obra e as questões judiciais que permeiam o contrato, outro fato grave envolvendo o VLT é o esquema de corrupção delatado pelo ex-governador Silval Barbosa à Procuradoria Geral da República, dando conta de um amplo esquema de pagamento de propina.