Ver uma pessoa pedindo dinheiro no semáforo, expondo a fome ou outras necessidades tão básicas, dá um aperto no coração, não é? De repente, você se lembra de quão farta é sua mesa, e num impulso de empatia, você resolve ver quanto tem no bolso para ajudar imediatamente aquela pessoa.
Repleta de intenções nobres, como a compaixão, esta ação imediatista, infelizmente, pode impedir uma mudança necessária: que a pessoa saia da situação de rua e passe a ser protagonista de uma nova forma de vida.
Desde 2018, a Prefeitura de Sorriso, por meio da Secretaria de Assistência Social (Semas), vem reforçando a campanha “Não dê esmola, dê cidadania”, que tem como foco justamente encaminhar as pessoas em situação de rua para que recebam a acolhida especializada dos profissionais que atuam na pasta.
O Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS), localizado na rua Otávio de Souza Cruz, 275, próximo ao Park Shopping Sorriso e à sede da OAB, é o local especialmente preparado para encaminhar as pessoas em situação de rua. Lá, uma equipe multidisciplinar, composta por abordadores sociais, assistentes sociais e psicólogos analisará cada situação.
A partir da abordagem criteriosa, a equipe pode adotar uma série de ações, como reforçar os vínculos entre a pessoa acolhida e sua família de origem, encaminhar para instituição de acolhimento que mantém convênio com a Prefeitura, como a Casa do Oleiro, por exemplo; conduzir para atendimento em unidades de saúde quando for necessário e também auxiliar no retorno ao mercado de trabalho.
“Cada pessoa abordada é ouvida com atenção e o foco do trabalho é realmente permitir que ela possa dar um salto positivo em sua vida”, explica a titular da Semas, Jucélia Ferro. Somente de janeiro a junho deste ano, 373 pessoas em situação de rua cujas famílias moram em Sorriso foram abordadas por profissionais do CREAS. Fevereiro e março foram os meses com maior volume de atendimentos, com 90 registros em cada mês. Abril está no ranking com 77 atendimentos, enquanto janeiro conta com 70. Em maio, foram 25 atendimentos, e em junho, 21.
Quando se leva em consideração o número de migrantes atendidos na instituição, o número é de 251 no acumulado de janeiro a junho, com o recorde de 68 atendimentos em maio, 66 em junho e nenhum atendimento a migrante em abril. Os meses de janeiro, fevereiro e março registraram, cada um, 39 atendimentos. Para ajudar os migrantes a voltarem para suas famílias, a Semas concedeu 88 passagens, sendo 25 no mês de abril, 39 em maio e 24 em junho.
Mais uma vez, a Semas reforça a importância de não se dar esmolas às pessoas em situação de rua, mas sim entrar em contato com o CREAS pelos telefones 3544 9683, 3545 1577 ou pelo Disque 100.
Mesmo em plena pandemia do novo coronavírus, o Sars-CoV-2, que provoca a Covid-19, os trabalhos desenvolvidos pelo CREAS tiveram continuidade, justamente para evitar que pessoas em situação de rua ficassem ainda mais expostas ao vírus.
“Buscamos reforçar os cuidados com a equipe do CREAS, trabalhando sempre com o objetivo de preservar a vida, a saúde e estimular a autonomia de cada cidadão” reforça Jucélia.