Neste domingo, 28 de junho, Cuiabá registrou 3.570 casos confirmados de Covid-19 frente aos 14.654 casos confirmados no estado, o que representa 24% do total, menor percentagem já obtida desde o início da pandemia, se observados os números dos últimos três meses.
O comparativo percentual de casos confirmados de Covid-19 entre Cuiabá e Mato Grosso mostra que, em abril, Cuiabá chegou a representar 63% dos casos confirmados no estado, marca que foi registrada no dia 5 de abril. Foi o auge dessa relação comparativa. No dia 30 de abril, essa marca já havia caído para 44%. Naquele dia, Mato Grosso tinha 302 casos confirmados, sendo 134 na Capital.
Em 31 de maio, Mato Grosso tinha 2.485 casos confirmados da doença, enquanto Cuiabá tinha 747, ou seja, 30% dos casos em relação ao estado. Ao entrarmos no mês de junho, o percentual de casos confirmados de Covid-19 em Cuiabá em relação a Mato Grosso, oscilou entre 29% e 30% na primeira quinzena. Depois começou a cair e, neste domingo (28) fechou com 24% dos casos de Covid-19 no estado.
Em todos os meses de abril, maio e junho, Cuiabá esteve abaixo da curva de contaminação pelo coronavírus do estado, conseguindo achatar a curva de maio para junho, enquanto Mato Grosso encontra-se com curva ascendente neste momento. Mais de 70% dos casos confirmados da doença estão ocorrendo nos demais 140 municípios, contribuindo mais fortemente para o crescimento da curva de contágio no estado.
É a chamada interiorização do vírus, como afirma o prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro. “O interior não está tendo apoio. Por que eu digo isso? Eu fui deputado estadual por quatro mandatos. Conheço o interior de Mato Grosso na palma da minha mão. 80% dos nossos municípios são de pequeno e médio porte, são municípios que não têm recursos, não tem estrutura técnica, não têm condições de sozinhos combater uma pandemia na proporção e na força de uma Covid-19”, afirma.
O gestor defende que os governos estadual e federal melhorem a estrutura da saúde no interior do estado. “Principalmente em leitos de UTI nos polos porque, caso contrário, nós vamos ter agora em julho um drama de interiorização do vírus que já está dramático, que acaba afetando Cuiabá porque Cuiabá é a capital, é a cidade mais importante, é a maior cidade, tem a melhor estrutura de saúde, tem grandes profissionais. E a população, não tendo leitos de UTI no interior, ela corre pra Cuiabá numa velocidade extraordinária. E aí vem o que chamam de colapso na saúde”, explica.
Emanuel Pinheiro destaca ainda que em nenhum momento se colocou contra a quarentena na Capital, tanto que foi o primeiro prefeito a decretar tal medida, logo em março, o que garantiu tempo de informar a população sobre essa nova doença e estruturar a rede municipal de saúde. Ele reforça que até hoje diversas atividades estão impedidas de funcionar, há mais de 90 dias, como estabelecimentos de ensino, feiras livres e academias, por exemplo.
O gestor aponta que o impacto econômico da pandemia é muito forte, mas que, mesmo assim, tem priorizado a questão da saúde, determinando medidas rígidas de biossegurança aos estabelecimentos que chegaram a retornar de forma gradual, antes da decisão judicial que determinou a quarentena coletiva obrigatória. “A Prefeitura vinha com trabalho técnico-sanitário muito delicado, casando o impacto econômico com o impacto sanitário e vice-versa”, afirma.