O secretário adjunto de Integração Operacional da Sesp-MT, coronel PM Victor Fortes, afirmou que a o período de isolamento por conta da pandemia do coronavírus pode estar gerando subnotificações nos casos de violência doméstica: “Os crimes podem estar ocorrendo sem que as autoridades tenham conhecimento”, frisou. No período entre 10 de março e 19 de abril de 2020 foram registrados 3.553 casos de várias naturezas envolvendo vítimas femininas, enquanto no mesmo período de 2019 foram 5.540 (redução de 36%).
A análise dos dados considera que a violência contra a mulher, na maioria das vezes, é praticada dentro de casa e não em ambientes públicos, como os demais crimes. “Estando em isolamento, a redução nos registros pode estar relacionada à intimidação da vítima ou ameaça pelo companheiro ou outro membro da família, o que gera subnotificação. Por isso, os crimes podem estar ocorrendo sem que as autoridades tenham conhecimento”, frisa o coronel.
Levando em conta o período de quarentena, o Observatório da Sesp-MT elaborou novo levantamento das ocorrências envolvendo vítimas femininas de 18 a 59 anos de idade em Mato Grosso. No período entre 10 de março e 19 de abril de 2020 foram registrados 3.553 casos de várias naturezas, enquanto no mesmo período de 2019 foram 5.540, ou seja, redução de 36%.
O crime de importunação sexual, por exemplo, teve -64% registros, caindo de 33 para 12. Seguindo essa tendência, o número de casos de assédio sexual reduziu de 32 para 15 (-53%). Já os homicídios mantiveram-se estáveis, com 10 casos no período de cada ano. Ameaça e lesão corporal apresentaram reduções de 35% (1.599 contra 2.460) e 21% (933 contra 1.176), respectivamente.
Poucas naturezas criminais tiveram aumento nos índices, como é o caso do estupro. Foram registrados 42 casos este ano, contra 40 no ano anterior, o que representa 5% a mais. Maus tratos foi responsável por 12 ocorrências em 2020, contra 10 em 2019. Já o crime de produzir, fotografar, filmar ou registrar, por qualquer meio, conteúdo com cena de nudez ou ato sexual ou libidinoso de caráter íntimo e privado sem autorização dos participantes (Art.216-B) apresentou um registro este ano, enquanto no ano passado não houve.
Por outro lado, o secretário adjunto ressalta que o não funcionamento de bares e casas noturnas também é um fator influenciador, já que o consumo de álcool potencializa esse tipo de crime. “Esse acompanhamento constante é importante, para termos condições de analisar melhor os dados, inclusive após o período da pandemia”, acrescentam.
É importante ressaltar que todos os canais de denúncia e socorro continuam funcionando normalmente e estão à disposição da população. Há os disques-denúncia 190, 197, 180 e 181. Além disso, as delegacias (PJC-MT) também estão com atendimento presencial normal, assim como a Patrulha Maria da Penha (PM-MT), que faz rondas para atendimento às vítimas que possuem medida protetiva.
As Delegacias de Defesa da Mulher de Cuiabá e de Rondonópolis possuem ainda atendimento psicológico de acolhimento às vítimas, neste período de pandemia. O número (65) 99973-4796 está disponível para a população de Cuiabá e o (66) 99937-5462 para Rondonópolis, ambos com a opção de mensagem por WhatsApp.