A construtora responsável pela obra do condomínio Terra Nova, em Várzea Grande, região metropolitana de Cuiabá, disse que vai reformar as 54 casas com rachaduras e risco de desabamento, como apontou perícia da Defesa Civil do município.
Os moradores foram notificados pela Defesa Civil no dia 29 de outubro a deixarem as casas imediatamente.
No entanto, até o início desta semana, 30 moradores permaneciam no local. As principais dificuldades relatadas por eles foram falta de dinheiro, falta de casas disponíveis ou que atendessem as necessidades das famílias.
Segundo a Construtora RNI, está sendo oferecido auxílio-moradia de R$ 2 mil mensais para famílias de casas que não tiveram ampliação e R$ 2,5 mil para imóveis ampliados.
Também serão oferecidos, segundo a empresa, R$ 4 mil para ajudar na mudança, sendo R$ 2 mil para a saída deles e outros R$ 2 mil para quando voltarem, além de R$ 285 para moradores que mudarem para outros condomínios.
O valor da mudança será pago em uma parcela. Já o auxílio-moradia de R$ 2 mil será pago durante seis meses, podendo se estender caso os problemas no condomínio Terra Nova não sejam resolvidos nesse prazo.
O diretor da empresa, José Walter Ferreira Júnior, disse que para receber o auxílio é necessário que os moradores assinem um termo de transação autorizando a perícia dentro das casas e, consequentemente, a reforma.
“Até agora apenas um morador assinou e o dinheiro do auxílio já foi depositado em conta. Nossa intenção é fechar pelo menos 10 assinaturas ainda hoje (7)”, afirmou.
A empresa garantiu ainda que possui todos os laudos técnicos de que o empreendimento foi construído e entregue em perfeitas condições aos moradores em 2009.
A construtora alega que os problemas estruturais foram causados por reformas feitas pelos moradores sem a devida atenção.
“Independentemente de quem é a culpa, a empresa realizará os reparos necessários e dará auxílio aos moradores para que saiam em segurança, assim, cumprindo também o que foi solicitado pela Defesa Civil”, disse o diretor.
Reformas
De acordo com a empresa, a reforma será dividida em duas etapas, sendo a primeira voltada para a rede de drenagem, compactação do solo e reforço do muro de contenção, e a segunda para o reparo das casas.
“Assinado o acordo, a avaliação será feita individualmente e cada morador terá uma solução técnica. Nas casas sem ampliações é mais fácil de resolver o problema. Já para as residências ampliadas teremos uma conversa com o morador para tentar entender qual o processo feito naquela casa”, explicou José.
Moradores continuam nas casas
A cabeleireira Karla Patrícia de Jesus Souza é uma das moradoras que continua no condomínio. Ela tem três filhos, sendo um de 14 anos, um de 10 anos e um bebê de 6 meses.
Karla afirmou que foi pega de surpresa com a notícia de que teria que desocupar o imóvel o qual mora há seis anos.
Ela precisou emprestar dinheiro de amigos e familiares para conseguir se mudar. No entanto, ela encontrou outro obstáculo, que foi encontrar uma casa que atenda as necessidades da família.
“Desde a notificação estou tentando encontrar uma casa para alugar, mas não encontro. Não durmo mais de tanta preocupação. Estou desesperada”, ressaltou.
Segundo Karla, a casa dela possui rachaduras no teto, canos estourados e o muro que fica ao lado da residência está desabando.
O advogado do condomínio, Ademar Santana Franco, disse que entrou com uma medida cautelar de produção de provas para que os problemas estruturais do local sejam esclarecidos.
“A construtora se propôs a ajudar os moradores, mas até agora não tem nada oficial e alguns moradores continuam nas casas. São 54 famílias, até a última atualização apenas 24 se mudaram. Cada uma tem sua particularidade e a construtora precisa atender as necessidades delas de forma individual”, ressaltou.