Conflitos agrários explodem em Mato Grosso, atingindo povos indígenas e quilombolas

A pesquisa mapeou três grandes áreas de alta conflitualidade dentro do estado.

Fonte: CENÁRIOMT

Conflitos agrários explodem em Mato Grosso, atingindo povos indígenas e quilombolas

Mato Grosso, celeiro do agronegócio e gigante econômico nacional, confronta uma realidade cada vez mais sombria: a escalada brutal da violência no campo.

Dados recentes da Comissão Pastoral da Terra (CPT) revelam um aumento alarmante nos conflitos por terra, com um impacto desproporcional sobre as comunidades mais vulneráveis do estado.

O levantamento aponta que, entre 2023 e 2024, houve um crescimento de 282% no número de famílias envolvidas em disputas territoriais. O quadro é ainda mais crítico ao observar grupos sociais específicos:

  • Povos Indígenas: Aumento de 357% nos conflitos.
  • Comunidades Quilombolas: Salto impressionante de 1.717% nas ocorrências de violência e disputa por terra.

Disputa por território e violência sistêmica

O aprofundamento do tema é corroborado pela pesquisa acadêmica “Conflitos e Violências no Campo no Estado de Mato Grosso (2016-2023): pressões e ameaças aos territórios sociais”, de autoria do Dr. Magno Silvestri, professor de Geografia da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). O estudo demonstra que a intensa disputa por terras entre setores do agronegócio e grupos minoritários — incluindo indígenas, comunidades tradicionais e trabalhadores camponeses — tem culminado em graves episódios.

Silvestri identifica que essa pressão territorial resulta em diversas formas de violência, incluindo violência sexual, ameaças constantes e disputas abertas por áreas de vida e subsistência. A pesquisa mapeou três grandes áreas de alta conflitualidade dentro do estado.

Histórico de massacres

A materialização dessa violência tem registros trágicos na história recente de Mato Grosso. Entre os casos mais emblemáticos citados pelo estudo estão:

  • O Massacre de Colniza, em 2017, que vitimou nove trabalhadores rurais.
  • O assassinato de quatro indígenas chiquitanos em Cáceres, na fronteira com a Bolívia, ocorrido em 2020.

Os números da CPT e a análise da UFMT indicam que, apesar do status de potência produtiva, o estado falha em garantir a segurança e a dignidade territorial de seus povos originários e tradicionais, acendendo um sinal de alerta máximo para as autoridades de segurança e os órgãos de proteção social.

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Graduada em Jornalismo pela Faculdade La Salle em Lucas do Rio Verde (MT), atuou como estagiária na Secretaria Municipal de Educação. Desde 2010 trabalha na redação e, atualmente, é repórter e redatora do CenárioMT nas editorias Mundo, Mato Grosso e Cidadania. Para dúvidas, correções ou sugestões de pauta, entre em contato: [email protected]