Mato Grosso, um dos estados com maior cobertura florestal do Brasil, enfrenta um desafio persistente: a exploração madeireira ilegal. Apesar dos avanços nos últimos anos, ainda há um longo caminho a ser percorrido para combater esse crime que devasta o meio ambiente e financia atividades criminosas.
Um mapeamento realizado pelo Sistema de Monitoramento de Exploração Madeireira (Simex) entre agosto de 2022 e julho de 2023 revelou que 10 municípios concentram mais de 70% da exploração ilegal no estado. Aripuanã, Nova Maringá e Colniza lideram a triste lista, com milhares de hectares de florestas devastados por madeireiros clandestinos.
As áreas mais afetadas pela exploração ilegal são imóveis rurais cadastrados no CAR, representando 64% do total. Além disso, mais de mil unidades de conservação foram impactadas, incluindo áreas protegidas como o Parque Estadual Tucumã e as Estações Ecológicas do Rio Roosevelt e do Rio Ronuro.
É importante destacar que, apesar dos desafios, houve uma redução de 40% na área explorada ilegalmente em comparação com o ano anterior. No entanto, essa queda ainda é insuficiente para conter o problema, e o estado explorou 16% menos florestas no período mapeado do que em 2022.
O Instituto Centro de Vida (ICV), organização que atua na defesa ambiental, alerta para lacunas no sistema de monitoramento e controle da exploração madeireira. Segundo Vinícius Silgueiro, coordenador do núcleo de Inteligência Territorial do ICV, “ainda há muito a ser feito para que o estado possa zerar a ilegalidade da exploração madeireira”.
Combater a exploração ilegal em áreas remotas, fiscalizar o cumprimento das autorizações de exploração florestal e investir em tecnologias mais eficientes de monitoramento são alguns dos desafios que precisam ser superados. Além disso, é fundamental buscar alternativas à exploração madeireira ilegal, como o desenvolvimento de atividades sustentáveis na região.
É importante ressaltar que a exploração madeireira ilegal está frequentemente associada ao crime organizado. Grupos criminosos se aproveitam da fragilidade das leis e da falta de fiscalização para explorar as florestas de forma predatória, financiando outras atividades ilícitas como o tráfico de drogas e o garimpo ilegal.