A primeira chuva após longo período de estiagem, ocorrida na tarde de segunda-feira (23), fez o nível do Rio Cuiabá subir quatro centímetros. A última medição da Defesa Civil Municipal, na sexta-feira (20), apontava para o volume 18 cm. Já nesta terça-feira (24), ela chegou a 22,08 cm. No entanto, a média é de 60 cm para o período. A previsão do tempo do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC), que é ligado ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) aponta para possibilidade de chuva em todos os dias desta semana na Capital.
Segundo o coordenador da Defesa Civil Municipal, capitão Joalino Ferreira, a situação do Rio Cuiabá e considerada estável. “É um nível estável, não está prejudicando o abastecimento, a coleta de água. A Àguas Cuiabá estava só recomendando uso consciente, não racionamento. A partir do momento que começa a prejudicar a coleta, entra em estado de atenção”.
De acordo com a Defesa Civil, foi registrado o volume de 12,3 cm no período de 24 horas, conforme o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). “A chuva para começar a melhorar vai ser a partir da terceira chuva adiante, quarta, chuva lenta que molha o chão”. Ainda segundo o capitão, esse período de estiagem foi o maior dos últimos 20 anos. A média sempre fica entre 60 e 90 dias.
A previsão de chuva para a tarde desta segunda-feira é 50 á 70 %. Nesta semana elas provavelmente vêm acompanhadas de ventos fortes, por esse motivo a Defesa Civil Municipal orientou evitar o contato com fiações elétricas; durante as chuvas é recomendado tirar os aparelhos elétricos da tomada, e evitar o manuseio de celular, computador, etc.
A falta de chuva em Cuiabá e grande parte de Mato Grosso levou a uma reunião emergencial entre o Departamento de Água e Esgoto (DAE) de Várzea Grande, a Águas Cuiabá e Furnas, responsável pela Usina Hidroelétrica (UHE) do Manso, localizada em Chapada dos Guimarães. Em pauta estava a possibilidade da abertura das comportas do local, devido ao baixo nível dos rios para captação de água. Um estudo deverá ser realizado, mas a decisão caberá à Agência Nacional de Águas. Atualmente, 83% da vazão está sendo provida pelo volume armazenado no lago.
A Usina de Manso tem liberado uma vazão constante de cerca de 120 m3/s desde maio de 2018. Furnas esclarece que a afluência ao reservatório de Manso (vazão de entrada de água no reservatório) se encontra em torno de 20 m3/s. Isso quer dizer que, cerca de 100m3/s (83%) estão sendo providos pelo volume armazenado.
Poluição
A capital mato-grossense registrou vários dias de agosto com mais de 200 microgramas (µg) de poluentes por metro cúbico (m³) de ar, de acordo com o Inpe. A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta o máximo de 25 µg/m³ para que o ar seja considerado bom — Cuiabá estaria com concentração 800% acima do que é recomendado pelo órgão.
A informação foi divulgada pelo UOL Esporte e conta com a entrevista do professor doutor Rodrigo Marques, especialista em climatologia no Departamento de Geografia da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).
Marques ainda alerta para um problema na coleta dos dados do Inpe: as amostras são do ar acima de 40 metros da superfície. Em decorrência da inexistência de estações terrestres de medição, não se sabe ao certo qual a concentração de poluentes à qual a população cuiabana está realmente exposta, e que deve ser consideravelmente maior que os tais 200 µg/m³, já que as partículas tendem a se concentrar próximo à superfície.
Além de professor de climatologia, Marques estudou especificamente partículas inaláveis em seu doutorado. E faz o alerta: “As queimadas são grande fonte de emissão dessas partículas, que vão dentro do alvéolo do pulmão. Os danos à saúde da população são muito grandes”.
Situação de emergência
O volume não é suficiente para que o município saia da situação de emergência, decretada no dia 11 deste mês pelo prefeito Emanuel Pinheiro. Na educação, as aulas de Educação Física foram suspensas, além de aumento na duração dos intervalos e recreios com “recreio dirigido”, ou seja, atividades lúdicas em espaço coberto e arejado. Haverá também o incentivo à hidratação aos alunos a cada 30 minutos. Também foi determinada a aquisição de umidificadores de ar para as unidades escolares como creches, CMEI e CEIC. Foi recomendado também que o cardápio da alimentação escolar contenha mais frutas, que possuem maior teor de água. Atualmente a rede municipal atende 163 unidades educacionais e 52 mil alunos.