Uma gestante e sua filha, cujas identidades não foram divulgadas, foram vítimas de tentativa de homicídio na noite de quinta-feira, 23 de outubro, no bairro Betel, em Cáceres (a cerca de 225 km de Cuiabá/MT). Conforme informações da polícia local, o autor dos golpes foi o marido da gestante, que acabou detido após o crime.
O ataque ocorreu por volta das 22h, dentro da residência onde a família mora. Segundo relatos, todos estavam consumindo bebidas alcoólicas quando iniciou uma discussão entre o casal, que logo escalou para violência. A filha da mulher interveio para defender a mãe gestante, e o agressor a esfaqueou também.
As duas vítimas foram socorridas por equipes do Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso e levadas ao hospital regional da cidade. O estado de saúde delas não foi divulgado pelas autoridades até o momento. Enquanto isso, o autor fugiu para uma área de mata próxima, acionando a busca da Força Tática da Polícia Militar de Mato Grosso, que o localizou ensanguentado e ferido por golpes de faca — ele também foi levado a atendimento hospitalar.
Contexto e gravidade local
A ocorrência se insere num cenário preocupante: o estado de Mato Grosso registrou uma das maiores taxas de feminicídios do país — cerca de 2,5 casos a cada 100 mil mulheres — no ano passado, conforme o Ministério da Justiça e Segurança Pública.
Além disso, relatório da Polícia Civil de Mato Grosso aponta que, no estado, 41 das 47 mulheres vítimas de feminicídio em 2024 eram mães, deixando ao menos 89 órfãos. Esses índices reforçam a urgência de políticas de proteção à mulher e de ações preventivas.
No caso em Cáceres, as motivações ainda são investigadas, porém o envolvimento de álcool, briga doméstica e retaliação direta compõem um padrão frequente em crimes de violência doméstica. Conforme o Lei 14.994/2023, o feminicídio — quando a mulher é morta por razões do gênero — é crime autônomo e hediondo, com pena de 20 a 40 anos, e o descumprimento de medida protetiva é majorante.
As autoridades da cidade informaram que o caso foi registrado pela Polícia Judiciária Civil de Mato Grosso, que dará seguimento à investigação para apurar circunstâncias como uso da arma branca, condições de fuga e possível participação de terceiros.
Com esse episódio, questiona-se: quantas mulheres ainda precisarão enfrentar risco no ambiente doméstico para que a rede de prevenção e denúncia funcione plenamente? A cidade de Cáceres já aparece entre as que concentram maior incidência desses crimes no interior do estado.
Por fim, vítimas e familiares devem ser atendidos pelo Núcleo de Atendimento à Mulher e família (no município) e a comunidade reforça a necessidade de prontidão nos serviços de segurança e assistência social.
Para a vítima, e para todas as mulheres que vivem sob ameaça, mantenha em mente: o telefone da Polícia Militar de Mato Grosso – 190 – e os canais da Rede de Atendimento à Mulher em Situação de Violência de Mato Grosso estão disponíveis 24h; denuncie, busque medida protetiva, peça ajuda. O caso, conforme divulgado pela assessoria da Polícia Civil local, segue em apuração.
