Os autores da execução do ex-prefeito de Colniza, Esvandir Antônio Mendes, morto em dezembro de 2017, foram condenados a, respectivamente, 28 e 25 anos de prisão pelo homicídio qualificado em decisão de júri popular realizado nesta quarta-feira (06), em Colniza.
Conforme o Ministério Público Estadual, a pena aplicada inclui ainda as condenações por tentativa de homicídio contra outras três vítimas e ainda os crimes conexos de associação criminosa e receptação.
Indiciamento e prisões
A investigação conduzida pela Polícia Civil de Colniza indiciou cinco pessoas pelo crime – um empresário de Colniza e a esposa dele, e os dois executores do crime, além de um adolescente, irmão do empresário, que teve a internação provisória decretada à época e respondeu por ato análogo aos crimes cometidos. Os quatro adultos responderam por homicídio qualificado cometido por motivo fútil, por pagamento ou promessa de recompensa e recurso que impossibilitou a defesa da vítima; associação criminosa e tentativa de homicídio.
O inquérito foi concluído no final de dezembro de 2017 pelo delegado Edison Pick e contou com o apoio investigativo de uma equipe da Delegacia de Roubos e Furtos de Cuiabá, além da união de diversas unidades operacionais das Polícias Civil e PM na busca pelos criminosos.
O empresário e os executores foram presos pela Polícia Civil logo após o crime. A dupla contratada pelo empresário para executar o crime foi presa em uma estrada entre as cidades de Juruena e Castanheira.
Os executores e o empresário fugiam de Colniza, quando foram abordados por uma equipe do Grupo Armado de Resposta Rápida (Garra), da Regional da Polícia Civil de Juína, que desde o crime, ocorrido no início da noite de 15 de dezembro de 2017, auxiliava nas investigações junto a uma força-tarefa coordenada pela Secretaria de Segurança Pública.
Com a dupla foram apreendidos R$ 60 mil, em espécie. Já o empresário, morador de Colniza e que arregimentou os dois comparsas oriundos do Pará para o crime, foi apontado como o mandante e também participou da execução do prefeito.
De acordo com o delegado Caio Fernando Albuquerque, que conduziu as investigações junto com o delegado de Colniza, Edison Pick, o dinheiro encontrado no carro pertencia ao mandante do crime, que atuava no ramo de rede de combustível e táxi aéreo.
Crime e motivação
Antônio Esvandir Mendes conduzia uma Toyota SW4 preta quando foi interceptado pelos criminosos, em um veículo SUV preto, cerca de sete quilômetros da entrada da cidade.
A dupla de executores foi ao encontro da caminhonete e realizou diversos disparos contra o prefeito, que ainda conseguiu dirigir, mas acabou morrendo depois de entrar no perímetro urbano, na Rua 7 de Setembro. Outros dois disparos feriram um secretário da prefeitura que estava com o prefeito.
De acordo com os criminosos, em depoimento, foram usadas quatro armas de fogo no crime, mas somente um revólver calibre 38 e um fuzil 22, com numeração raspada, foram encontrados dentro de uma bolsa deixada no mato, pela Polícia Militar. As armas estavam a cerca de 15 km de Colniza, localidade onde também foi abandonada a caminhonete da ação criminosa. Duas pistolas, que segundo as informações levantadas, também foram usadas, teriam sido jogadas dentro de um rio.
Celulares apreendidos foram analisados pela equipe da Delegacia Regional de Juína e a partir das informações obtidas foi possível identificar a participação também da mulher do empresário.
Segundo as investigações, o crime foi motivado por cobrança de dívida e o mandante, também participou da execução do prefeito. A mulher e o irmão dele foram presos dias depois do crime, por decisão judicial, após representação da Polícia Civil.
De acordo com delegado Edison Pick, a mulher tinha conhecimento do crime e acobertou a ação do marido. Em interrogatório, ela se reservou ao direito de permanecer calada. Já o adolescente, declarou que auxiliou a fuga dos executores, a pedido do irmão, mas negou que soubesse antes da ação criminosa.
Pick agradeceu o apoio das forças de segurança e de todos os que auxiliaram o esclarecimento do crime. “Agradeço o delegado Ramiro Mathias Ribeiro Queiroz que disponibilizou a equipe do Grupo de Operações Especiais (GOE), delegado, Marco Bortolloto Remuzzi com a equipe do Garra de Juína, força tarefa coordenada pelo delegado Caio Albuquerque, além da equipe local, sem os quais não seria possível a rápida e eficiente resolução do caso”, destacou o delegado.
Julgamento
De acordo com o promotor de Justiça que atuou em plenário, Roberto Arroio Farinazzo Junior, o julgamento se estendeu até as 4h da manhã desta quinta-feira.
No próximo mês, irão a julgamento, na Comarca de Juara, os acusados de serem os mandantes do crime, o empresário e a mulher dele.
O pedido de desaforamento do júri foi feito pelo Ministério Público. Na ocasião, a Promotoria de Justiça argumentou que o interesse da ordem pública e a dúvida na imparcialidade dos jurados não possibilitariam o julgamento justo dos dois réus na Comarca de Colniza. Enfatizou ainda que vários jurados que foram intimados para participar das sessões de julgamento manifestaram informalmente o desejo de não participar de eventual julgamento com temor dos acusados.