‘Amo ser albina, amo ser diferente nesse mundo onde as pessoas querem ser iguais’, diz advogada

Fonte: Elias Neto, TV Centro América

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Foto: TVCA/Reprodução

A advogada e pedagoga, Laudisseia de França Figueiredo, que nasceu com albinismo, disse que se considera uma exceção e já venceu por inúmeras barreiras do preconceito. Ela mora em Cuiabá.

“Eu amo ser albina, eu amo ser diferente, nesse mundo onde as pessoas querem ser iguais. Eu sou diferente pela minha própria natureza”, afirmou.

Ela tem problemas na visão, mas isso não a impediu de ter uma vida normal e lutar pelo que ela queria. Laudisseia é concursada como técnica judiciária, no Poder Judiciário de Mato Grosso.

“Ser albino é ser único, apresentar uma condição genética que poucas pessoas têm. E por ser único, você acaba de certa forma deixando a sua marca”

De acordo com a Associação de Pessoas Albinas e Amigos de Mato Grosso, não se sabe quantas pessoas nasceram com essa genética diferenciada no Brasil. No Censo do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística -, não há espaço para se declarar albino.

Diante dessas dificuldades, o Coletivo de Albinos Brasileiros quer a aprovação de uma política de atendimento. Quer também a aprovação do Estatuto da Pessoa Albina pelo Congresso Nacional e por isso haverá uma audiência pública no dia 29 deste mês para discutir o assunto.

O sociólogo e pesquisador, Adailton Aragão, estuda o albinismo. Na tese de doutorado que realiza na UFMT, quer entender como construir a identidade dessas pessoas.

“Já que a maior incidência de albino ocorre entre a população negra e na minha tese a proposta é tentar entender essa identidade dessa pessoa albina que nasce numa família negra. Daí a gente faz a pergunta: nós estamos falando de um albino negro ou de um negro albino?”, questiona o pesquisador.

Para ele, agora é o momento de desconstruir ideias equivocadas da sociedade que tende a colocar o albino como pessoa descapacitada socialmente. “A gente tenta trazer um pouco mais da visibilidade, isso a visibilidade positiva sobre a população albina”, afirma.

O albinismo é uma condição causada pela deficiência na produção de melanina devido a uma condição causada pela genética. A pele e os olhos não têm pigmentação, ou tem bem pouca. Além de dar o tom da pele, a melanina é uma produção natural contra a radiação solar. A visão dos albinos também é afetada.

O agente de saúde Hélio de Almeida, que também tem albinismo, avalia que faltam políticas públicas para eles e também nas empresas privadas.

“Eu sou agente de combate a endemias e, quando atuava na rua, procurava sempre me adaptar às sombras, por exemplo, seu eu trabalhava no período matutino, trabalhava sempre contra o sol, eu ia do lado que estava a sombra na calçada. Se eu trabalho vespertino, eu fazia o mesmo”, disse.

Sou Dayelle Ribeiro, redatora do portal CenárioMT, onde compartilho diariamente as principais notícias que agitam o cotidiano das cidades de Mato Grosso. Com um olhar atento para os eventos locais, meu objetivo é informar e conectar as pessoas com o que acontece em suas cidades. Acredito no poder da informação como ferramenta de transformação e estou sempre em busca de trazer conteúdo relevante e atualizado para nossos leitores. Vamos juntos explorar as histórias que moldam nosso estado!