Acionistas estrangeiros ficam com 67% dos lucros da Petrobras em cima de altos preços aos brasileiros, aponta engenheiro

Fonte: Assessoria

Edifício sede da Petrobras Por: Fernando Frazão/Agência Brasil
Edifício sede da Petrobras Por: Fernando Frazão/Agência Brasil

O vice-presidente e diretor administrativo da Associação dos Engenheiros da Petrobras (AEPET), Fernando Siqueira, traçou um panorama preocupante da situação do setor petrolífero no Brasil, no último painel do Seminário da Energia, realizado de 21 a 22 de maio, na Federação das Indústrias de Mato Grosso (Fiemt). Siqueira criticou a entrega da riqueza nacional à iniciativa privada, a falta de benefícios para a população e o alto preço dos combustíveis.

“A Petrobrás foi criada para favorecer o povo brasileiro, mas hoje ela está cobrando combustível alto e transferindo o lucro para 67% de acionistas privados, primordialmente estrangeiros. O povo brasileiro perde com o preço, perde com a inflação e não ganha nada com o pré-sal que é um campo maravilhoso, um dos maiores do mundo”, disse no painel “Perspectivas sobre o futuro da energia: Visão dos especialistas para Mato Grosso”.

Além do presidente da AEPET, também participaram das discussões o reitor da UFMT, Evandro Soares, a advogada Alessandra Panizi, e o deputado estadual Carlos Avalone.

Fernando Siqueira também denunciou a exploração predatória do pré-sal, uma das maiores reservas de petróleo descobertas nas últimas três décadas. Diferente de outros países produtores de petróleo, a riqueza brasileira está sendo escoada sem benefício para o povo brasileiro.

“A Petrobrás paga mais ou menos 1% do lucro para o Governo Federal e mais 26% de dividendos. As empresas estrangeiras pagam só 1% pro governo exportam tudo sem pagar nada. Para se ter uma ideia, na Noruega a exportação é taxada pesadamente. Na Rússia também, nos Estados Unidos o petróleo convencional não pode ser exportado. No Brasil, nós estamos exportando 1,6 milhão de barris por dia e o povo brasileiro não ganha nada com isso”.

Essa disparidade, segundo ele, contribui para o aumento da inflação, especialmente nos alimentos básicos, já que o diesel, principal insumo no transporte, está com preços exorbitantes.

“No governo anterior os preços dos combustíveis subiram em demasia. Por exemplo, o óleo diesel que é o principal combustível responsável por transporte de pessoas e produtos. Estava sendo vendido pela Petrobrás por R$ 4,5 por litro. E esse litro custa R$ 1 para ser produzido, o povo brasileiro estava sendo lesado duas vezes. O diesel é o principal combustível do transporte, com o preço elevado, sobe a inflação, impacta no preço dos alimentos básicos, que subiram 30% ao ano”, argumentou.

Bionergia como caminho

O reitor da UFMT, Evandro Soares destacou que as forças de Mato Grosso residem no agronegócio, e que a bioenergia, proveniente de culturas como o milho e a cana-de-açúcar, se torna crucial para o desenvolvimento sustentável do estado. Essa energia renovável pode gerar não apenas eletricidade, mas também ração e massa para confinamentos, agregando valor à cadeia produtiva.

Ele também apontou o potencial da bioenergia nos transportes, especialmente na navegação fluvial e na aviação. O reitor ressaltou que, embora a mobilidade elétrica ainda não esteja consolidada nesses setores, os biocombustíveis, como o hidrogênio, o etanol de milho e cana, podem ser alternativas viáveis e sustentáveis.

“Ao investir em bioenergia, Mato Grosso pode impulsionar seu desenvolvimento de forma sustentável, aproveitando seus recursos naturais e gerando valor para a economia local”.

Formado em Jornalismo, possui sólida experiência em produção textual. Atualmente, dedica-se à redação do CenárioMT, onde é responsável por criar conteúdos sobre política, economia e esporte regional. Além disso, foca em temas relacionados ao setor agro, contribuindo com análises e reportagens que abordam a importância e os desafios desse segmento essencial para Mato Grosso.