Segundo a Fundação Carlos Chagas (FCC), 225 candidatos de todo o Brasil realizaram as provas escritas específicas do VI concurso para ingresso na carreira inicial de defensor público de Mato Grosso no último sábado e domingo (14 e 15 de janeiro), em Cuiabá. O número de presentes corresponde a 90% dos 249 convocados para a segunda fase, cujo resultado será publicado no dia 1º de março, de acordo com o edital.
O certame oferta 20 vagas imediatas, além da formação do cadastro de reserva. As avaliações escritas foram aplicadas na Faculdade Invest de Ciências e Tecnologia, na rua Adauto Botelho, 55, no bairro Coxipó, na capital mato-grossense. A primeira etapa, a prova preliminar objetiva, foi realizada em outubro do ano passado.
Praticamente todos os candidatos ingressaram no local carregando bolsas ou malas abarrotadas de livros, já que era permitida a consulta de textos legislativos, vedados aqueles comentados e/ou anotados, bem como a consulta a outros textos e dicionários comuns jurídicos, conforme as regras do edital.
A defensora pública-geral, Luziane Castro, e o presidente da comissão do concurso, Clodoaldo Queiroz, participaram da abertura do envelope de provas e da assinatura da ata do concurso.
“O que a gente observa aqui, acompanhando o início dos trabalhos, inclusive acompanhei a abertura dos envelopes no segundo piso, é que tudo está ocorrendo dentro da normalidade”, destacou Luziane.
As provas foram aplicadas em 17 salas – oito no térreo e nove no andar superior. Os candidatos tiveram cinco horas, com permanência mínima de três horas, para realizar as avaliações no sábado à tarde, e no domingo, pela manhã e à tarde. A FCC informou que os três turnos da segunda fase do concurso transcorreram dentro da normalidade, sem intercorrências.
De acordo com a defensora-geral, o alto nível do concurso e dos candidatos gera uma perspectiva de que os aprovados agreguem ainda mais qualidade à Instituição.
“A expectativa é grande. Ao que parece, temos vários concurseiros que são pessoas vocacionadas, ou seja, querem fazer o concurso para a Defensoria Pública e isso é muito bom porque o defensor, a defensora tem um olhar diferente para o seu trabalho. E, já vindo com essa vontade, com certeza vamos ter um ganho com uma qualidade muito grande dos trabalhos”, declarou.
As duas primeiras etapas do concurso – provas objetivas e discursivas – foram aplicadas pela FCC. As próximas duas fases – prova oral e análise de títulos serão conduzidas pela comissão do concurso da Defensoria Pública, formada por defensores e membros da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/MT), em datas que ainda serão definidas.
“A primeira etapa ocorreu de maneira tranquila. Tivemos um número elevado de candidatos de todo o país, o que mostra o prestígio da nossa Instituição, nos deixa bastante satisfeitos. Hoje, nós temos mais de 200 classificados para as provas dissertativas. São dois dias de prova. Hoje é o primeiro dia. Está correndo tudo bem. A expectativa é de que também seja concluída esta etapa de maneira tranquila e possamos ir para as provas orais com os melhores candidatos selecionados”, detalhou Queiroz.
O presidente da comissão do concurso e ex-defensor-geral (de 2019 a 2022), Clodoaldo Queiroz, que fez parte da primeira turma de defensores públicos de Mato Grosso, empossados em fevereiro de 1999, apontou uma mudança no perfil dos candidatos.
“Nós percebemos isso, que hoje temos um grande número de candidatos, concurseiros, que estão estudando para serem defensores públicos, já inspirados na forma de atuação da Defensoria. Eles querem atuar dessa maneira e isso nos deixa muito satisfeitos, porque indiretamente é uma forma de seleção de pessoas vocacionadas”, pontuou.
Candidatos do Brasil inteiro – No sábado (14), logo após a abertura dos portões, às 13h30, candidatos de todos os cantos do país ingressaram no local para realizar a primeira prova específica (P1) – o fechamento dos portões ocorreu às 14h30.
Um dos 225 candidatos presentes foi Alison dos Santos Silva, 30 anos, natural de Piranhas, Alagoas, que destacou o elevado grau de dificuldade da prova em comparação com outros concursos similares.
“A fase preliminar objetiva foi uma prova bem difícil, até em comparação com as outras provas da Defensoria que já tenho feito há um certo tempo. Ao mesmo tempo, foi bem elaborada, vocacionada, no estilo realmente da atuação prática da Defensoria, coerente e pertinente com a área de atuação da Defensoria Pública”, avaliou.
Silva, que reside na Bahia desde pequeno e se formou em Direito na Universidade Federal da Bahia (UFB) em 2014, afirmou que feito concursos em todo o país focados na carreira de defensor público.
“Meu foco é 100% na Defensoria porque já tenho uma certa experiência. De um ano e meio para cá resolvi parar com a advocacia para focar no estudos para concurso da Defensoria. O que mais me atrai em relação à atuação da Defensoria Pública é justamente essa situação de dar voz a pessoas que muitas vezes são invisibilizadas pela sociedade, procurar levar a democracia para todos e promover a justiça social”, ressaltou.
Já a gaúcha Marina Pessini Pezzi, 30 anos, formada há seis anos em Direito, veio de Porto Alegre para atingir o objetivo de se tornar defensora pública.
“Eu só faço provas de Defensoria porque é a carreira que eu quero. Eu acredito na Instituição, que eu me identifico por ser promotora dos direitos humanos e fazer, além do trabalho judicial, um trabalho extrajudicial incrível também. Para mim, é realmente fascinante”, sublinhou.
Marina disse que não teria nenhum problema em se mudar para Mato Grosso caso seja aprovada no concurso. “Para mim, é até uma preferência viver em outros lugares. Faço questão de morar em outro estado e conhecer outras regiões”.
Em relação à carreira de defensora pública, a candidata exaltou a importância do trabalho realizado pela Instituição e afirmou que a vocação teve um peso importante na escolha da profissão.
“Pode ser um pouco de uma questão minha de ter uma idealização da carreira. Não na forma de achar que vai ser um salvador, de forma alguma, o que a gente vai fazer não é assistencialismo. É realmente ser servidor público atuando em prol da população. Ao menos, tem que ter seriedade nesse cargo, saber o que está fazendo, e não esquecer nunca a missão institucional”, arrematou.