Round 6: Classificação etária não existe à toa, afinal, histórias violentas podem fazer mal para a saúde mental de crianças e adolescentes

Fonte: Jennifer de Paula

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PhD em neurociência, mestre em psicanálise e biólogo, Dr. Fabiano de Abreu alerta sobre o risco do Round 6 para crianças: “estruturas no cérebro se modificam e trazem danos presentes e/ou futuros.”

Round 6 é a série coreana de maior sucesso na história da Netflix. O enredo gira ao redor de pessoas endividadas que podem ser resgatadas da crise por meio de um jogo perigoso. Porém, a classificação etária não está sendo obedecida, e isso pode trazer problemas à saúde mental de crianças e adolescentes.

Na França, cinco crianças foram hospitalizadas; o acidente foi causado por um confronto entre alunos do terceiro e do sexto ano do College George-Sand. A brincadeira teria “fugido do controle” e se transformado em uma situação violenta, que levou as crianças a passar por atendimento médico. Esse tipo de conduta preocupa o PhD , neurocientista, psicanalista, biólogo e antropólogo, Dr. Fabiano de Abreu. “Isso evidencia o quanto é necessária uma espécie de controle por parte dos pais, afinal, a série apresenta cenas de violência explícita, tortura psicológica, suicídio, tráfico de órgãos, sexo, palavras de baixo calão, e isso chama a atenção pois são crianças comentando sobre o assunto como se fosse algo normal delas assistirem”.

Diante da repercussão da série, muito tem se comentado sobre a violência gratuita apresentada em seus episódios, daí a recomendação da classificação indicativa, ainda que esta esteja sendo ignorada, analisa Fabiano: “Essa recomendação não existe à toa, pois o conteúdo apresentado pela série pode afetar a percepção e o comportamento dos mais jovens. Ao assistir estas produções repletas de cunho violento, as crianças e adolescentes acabam ‘normalizando’ isso e tratando o assunto como algo comum”, pondera.

Os efeitos disso é que as crianças e jovens podem se tornar mais reativas e agressivas, alerta o neurocientista “Nesta fase da vida, eles ainda são imaturos e muito vulneráveis a estímulos que podem se tornar incontroláveis e até mesmo viciantes. Além disso, nesta idade o cérebro tem menos ‘freios’ na regulação das emoções. A escola é o ambiente que mais se assemelha ao lar, com leis e regras, mas também acolhimento e amor. Por todo segmento educacional com interface da saúde mental estão preocupados com a repercussão dessa série. As crianças tendem a fazer o que vêem, não o que os pais e professores sugerem. A Netflix está preocupada com a audiência e numa casa, um e-mail da acesso à todos”, acrescenta.

Diante deste cenário, a ação preventiva preconiza o controle de tempo e de conteúdo da tela para crianças e adolescentes, recomenda Abreu. “É importante considerar ainda que a criança não tem a mesma percepção preventiva do adulto, já que a região do lobo frontal, relacionada à tomada de decisões, lógica e prevenção está em formação. Assim como a cognição com base na experiência não está desenvolvida. São discernimentos diferentes na percepção do adulto e da criança. Neste caso, recomendo aos pais que deve-se ter cuidado ao acesso das crianças e explicar com argumentos coerentes para a faixa etária, de maneira que entenda o real e o abstrato assim como suas consequências”.

Para quem ainda não conhece, a série utiliza-se de brincadeiras simples de criança como “Batatinha frita 1,2,3”, “Cabo de guerra”, “Bolas de gude” e outras, para assassinar a “sangue frio” as pessoas que não atingem o objetivo final. A produção estreou na plataforma de streaming em 17 de setembro e, no dia 12 de outubro, a Netflix confirmou que ela se tornou a mais visualizada da história da plataforma, com 111 milhões de acessos.

Créditos de: Jennifer de Paula

 

Classificação etária não existe à toa, afinal, histórias violentas podem fazer mal para a saúde mental de crianças e adolescentes

Gustavo Praiado é jornalista com foco em notícias de agricultura. Com uma sólida formação acadêmica e vasta experiência no setor, Gustavo se destaca na cobertura de temas relacionados ao agronegócio, desde insumos até tendências e desafios do setor. Atualmente, ele contribui com análises e reportagens detalhadas sobre o mercado agrícola, oferecendo informações relevantes para produtores, investidores e demais profissionais da área.