Você sabe o que Marcos Evangelista fez no dia 30 de junho de 2002? Uma dica: ele estava no Estádio de Yokohama. Tudo bem, vamos facilitar, você sabe o que o Cafu fez na data citada? Agora já deve ter ficado mais simples entender que estamos falando do dia em que o capitão da seleção do Brasil levantou a taça de Campeão do Mundo. Tem até uma foto do momento aqui, caso você queira relembrar um dos momentos mais marcantes da nossa seleção.
O motivo pelo qual muitos não sabem responder a primeira pergunta é simples: Todos conhecem Cafu pelo seu apelido, e não pelo nome de batismo que é “Marcos Evangelista de Morais”. O mesmo vale para Edson Arantes do Nascimento, este até é mais popular, mas alguns ainda terão dificuldades de lembrar que este é o nome do Pelé. E o “anjo das pernas tortas” é Manoel dos Santos, mas talvez você só o conheça por Garrincha.
Com os exemplos acima, vemos que os apelidos são quase um patrimônio do futebol brasileiro. Praticamente todos os principais jogadores da nossa história são conhecidos pelos seus apelidos, mas, com a globalização do esporte e a importância do marketing pessoal, apelidos se tornam cada vez mais raros no nosso futebol.
A verdade é que poucos querem que um jogador chamado “Ganso” jogue no seu time, melhor se for apenas “Paulo Henrique”. Claro, o PH Ganso se popularizou com este apelido, logo, ninguém ousou tentar tirar o apelido dele. Mas, se for possível, pode ter certeza que técnicos e empresários tentarão. Caso o jogador vá para o futebol internacional, apelidos podem ser um problema adicional, afinal de contas, uma brincadeira simples no Brasil pode ser uma grande ofensa em outra cultura. Isso sem falar na dificuldade de pronunciar e soletrar determinados nomes.
Sites e casas de apostas também não devem ser muito fãs de apelidos. Um apostador estrangeiro pode ter dificuldades em buscar um jogador em específico se o apelido for particularmente difícil de ser entendido em outras línguas. Claro, o brasileiro não tem tantos problemas com isso. Afinal, ele está familiarizado com o português. Ele pode, inclusive, continuar a apostar nos maiores campeonatos com a Rivalo Brasil, sem ter que buscar no Google como soletrar nomes “esquisitos” antes de cada aposta. Pelo menos, no caso dos jogadores brasileiros, afinal, poucos torcedores daqui conseguem escrever Zlatan Ibrahimović com facilidade, não é mesmo? Bem, uma solução, neste caso, seria filtrar resultados pelo time que o atleta atua, ou torneios em que compete. Enfim, as plataformas buscam meios de facilitar a vida dos apostadores.
Troca de identidade
Você sabe quem é Bruno Bonfim? Pode até ser que o nome não seja estranho, mas poucos conseguiram associar ele ao Dentinho, atacante que fez sucesso no Corinthians. Durante a categoria de base, o atacante sempre foi conhecido pelo seu apelido, mas, ao ser promovido para o time principal, o técnico Paulo César Carpegiani resolveu impedir a utilização do apelido. O nome real “não colou” e o apelido voltou a aparecer na parte de trás da camisa do atleta.
Alex Santana é outro exemplo, o goleiro foi conhecido pelo nome composto até seu desempenho acima da média no Prudentópolis. Naquela época o apelido de “Alex Muralha” pegou e ele até tentou lutar contra a nova nomenclatura, mas, sem sucesso, o jogador teve que se provar todos os dias para justificar o apelido. Até podemos dizer que deu certo, afinal de contas, ele saiu da terceira divisão com o Prudentópolis e chegou ao Flamengo, um dos principais times brasileiros e tendo, inclusive, passagens na Seleção Brasileira.
Os dois exemplos acima são situações onde conhecemos os apelidos, mas não sabemos o nome real do atleta. Mas, o São Paulo trabalhou durante muitos anos para impedir que seus jogadores de base tivessem apelidos. Você provavelmente não sabe que Dinei é Diego Tardelli, atacante que fez sucesso em diversos times do futebol brasileiro.
Existem também os jogadores que abandonaram o apelido após polêmicas e brincadeiras irônicas. Robson Alves é um defensor do Atlético Paranaense que, nos tempos de base no Santos, recebeu o apelido de Bambu por ser alto e magro. O problema com o apelido foi quando ele começou a ser associado ao meme do Silvio Santos nos anos 80 “E o Bambu, hein?”. O jogador abandonou o apelido por três jogos após as brincadeiras, mas, orientado pela sua estafe e pelo treinador Cuca ele retomou o apelido. Todos já o conheciam pelo apelido, não fazia sentido mudar por causa de “brincadeiras de mal gosto” da imprensa.