Superávit do Governo Central em outubro impulsiona cenário fiscal

O Governo Central registrou um superávit significativo em outubro, superando projeções e reforçando o impacto da arrecadação recorde. Mesmo assim, o acumulado do ano mantém pressão sobre a meta fiscal.

Fonte: CenárioMT

Superávit do Governo Central em outubro impulsiona cenário fiscal
Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil/Arquivo

O Governo Central fechou outubro com superávit primário de R$ 36,5 bilhões, resultado que superou as estimativas do mercado e marcou o quarto melhor desempenho para o mês desde 1997. Segundo o Tesouro Nacional, o montante foi impulsionado pela forte entrada de receitas típicas do início de trimestre.

A pesquisa Prisma Fiscal indicava expectativa de superávit de R$ 32,2 bilhões. Apesar do avanço, o saldo ficou abaixo dos R$ 41 bilhões registrados em outubro de 2024, considerando valores corrigidos pela inflação.

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O resultado primário corresponde à diferença entre receitas e despesas do Governo Central, sem incluir os juros da dívida pública. Entre janeiro e outubro, o governo acumula déficit de R$ 63,7 bilhões, cenário que mantém desafios para o cumprimento da meta fiscal de déficit zero prevista na LDO, ainda que haja margem de tolerância de até 0,25% do PIB.

Arrecadação em alta

A performance positiva de outubro foi impulsionada pela arrecadação recorde, especialmente de Imposto de Renda e IOF. No IR, o aumento está ligado ao avanço da massa salarial e ao rendimento de aplicações em renda fixa, favorecidas pelos juros elevados. Já o IOF cresceu após mudanças recentes na legislação e decisões judiciais que restabeleceram a cobrança.

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Despesas avançam

Mesmo com receitas maiores, o mês registrou expansão significativa das despesas, que subiram 9,2% acima da inflação em relação a outubro do ano anterior. O avanço foi puxado por gastos da Previdência Social, saúde e pagamento de precatórios.

  • Superávit primário: R$ 36,5 bilhões
  • Superávit em outubro de 2024: R$ 41 bilhões
  • Receita líquida: R$ 228,9 bilhões (+4,5% reais)
  • Despesas totais: R$ 192,4 bilhões (+9,2% reais)
  • Tesouro: superávit de R$ 57,4 bilhões
  • Previdência: déficit de R$ 20,7 bilhões
  • Banco Central: déficit de R$ 152 milhões

Acumulado do ano

  • Déficit primário: R$ 63,7 bilhões
  • Receita líquida: R$ 1,915 trilhão (+3,7% reais)
  • Despesas totais: R$ 1,979 trilhão (+3,3% reais)
  • Investimentos: R$ 62,59 bilhões (+2,6% reais)
  • Déficit em 12 meses: R$ 41,9 bilhões (0,35% do PIB)

Pressões sobre o gasto

  • Saúde: +R$ 6,3 bilhões
  • Benefícios previdenciários: +R$ 2,4 bilhões
  • Precatórios: +R$ 1,5 bilhão
  • Complementação ao Fundef/Fundeb: +R$ 1,3 bilhão
  • Investimentos públicos: R$ 7,6 bilhões (+27,7% reais)

O avanço das despesas previdenciárias foi influenciado pelo reajuste real do salário mínimo e pela ampliação do número de beneficiários.

Meta fiscal sob pressão

Mesmo com o superávit de outubro, o governo segue distante da meta de déficit zero. A margem permitida pelo arcabouço fiscal autoriza déficit de até R$ 31 bilhões, sem considerar gastos extraordinários como precatórios e ressarcimentos relacionados a fraudes no INSS.

A projeção oficial indica déficit de R$ 75,7 bilhões para 2025, no limite permitido. As estatais federais também apresentam desequilíbrio, com rombo previsto de R$ 9,2 bilhões, agravado após a inclusão de prejuízos dos Correios.

Para tentar cumprir a meta, o governo mantém R$ 7,7 bilhões bloqueados e realizou novo contingenciamento de R$ 3,3 bilhões, estratégia adotada diante do risco de frustração de receitas.

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Graduado em Jornalismo pelo Unasp (Centro Universitário Adventista de São Paulo): Base sólida em teoria e prática jornalística, com foco em ética, rigor e apuração aprofundada. Envie suas sugestões para o email: [email protected]